Luis Fernando Verissimo



Semana dessas, Luis Fernando Verissimo apresentou seu mais novo romance em território espanhol. O livro Borges e os orangotangos eternos, homenagem ao autor argentino Jorge Luis Borges, agora foi traduzido, depois de já está nas prateleiras de outros países de língua estrangeira. Pela ocasião, citou o seu novo romance, Os espiões, cuja trama se passa no interior do Rio Grande do Sul; para o escritor é este o primeiro livro que autoencomendou - até então, diz, só escreveu aquilo que os outros lhe encomendaram.

E quantas encomendas! Já são mais de 80 obras publicadas e a criação de personagens famosas no imaginário literário do Brasil como o Analista de Bagé ou a Velhinha de Taubaté. O escritor diz que já realizou todos os sonhos de sua vida, inclusive o mais desejado: ter um neto. 

Nascido em Porto Alegre, o escritor é filho de outro escritor, Erico Verissimo. Nasceu em 26 de setembro de 1936. E a fama no ofício que o fez reconhecido data desde o primeiro livro; foi tanto o reconhecimento que se tornou um daqueles casos em que o filho dá nome ao pai: Erico Verissimo o pai de Luis Fernando Verissimo. 

Alguns, encontrando os nomes assim lado a lado, sem explicação, podem até imaginar que Erico e Luis Fernando são irmãos. O que os distingue é mesmo a literatura: enquanto um esteve atento à história e a escrita de grandes romances de feição épica, como o riquíssimo O tempo e o vento, o outro herdou um  jeito bonachão e bem-humorado com as palavras.

Quando criança, Luis Fernando morou fora do Brasil várias vezes, devido a profissão do pai. Na primeira ocasião, em 1943, Erico fora lecionar em Berkeley. Esse trajeto para os Estados Unidos faria novamente mais tarde, em 1953, quando o pai assumiu o cargo de diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana. Fez, assim, parte de sua formação neste país. 

Desprende-se da família em 1962, já trabalhando como tradutor e redator de publicações comerciais em seu estado, e indo morar no Rio de Janeiro, onde conhece Lucia Helena Massa com quem se casa dois anos depois.

Desde então, começa uma peregrinação por jornais e revistas do país. Foi colunista nos jornais Zero Hora, Folha da manhã, O pato macho (jornal alternativo criado juntamente com um grupo de amigos que passa a circular em Porto Alegre), Caderno B, do Jornal do Brasil, na revista Domingo, também do Jornal do Brasil, Correio do povo, O globo, além de se tornar colunista da Veja entre os anos de 1982 e 1989, retomando a função mais tarde.

Sua obra com mais de 80 títulos começa a ser escrita em 1973, ano em que sai publicado pela José Olympio, o seu primeiro livro, O popular, num gênero que o tornou reconhecido: a crônica. Dois anos mais tarde, sai seu segundo livro A grande mulher e desde então, uma sucessão de publicações. 

Durante algum tempo, com a constância de um título ou mais de um por ano. Dentre os mais conhecidos estão: Amor brasileiro (1977), Ed Mort e outras histórias (1979), O analista de Bagé (1981), A mesa voadora (1982)Sexo na cabeça (1982), A velhinha de Taubaté (1983), A mulher do Silva (1984), A mãe de Freud (1985), O marido de Doutor Pompeu (1987),  Orgias (1989), O suicida e o computador (1992), O arteiro e o tempo (1994), Comédias da vida pública (1992) - uma sequência que virou Best-Seller e inclui ainda Comédias da vida privada (1994) e Comédias para ler na escola (2000). Nas crônicas, outros sucessos foi a sequência As mentiras que os homens contam (2000) e As mentiras que as mulheres contam (2015).

Liste-se ainda os romances O jardim do diabo (1987), O clube dos anjos (1998), o referido no começo destas notas Borges e os orangotangos eternos (2000), O opositor (2004), A décima segunda noite (2006) e Os espiões (2009).  

A vasta obra inclui ainda relatos de viagem, como os que formam a sequência Trançando - Nova York (1991), Paris (1992), Porto Alegre (1993), Roma (1993), Japão (1995) e Madri (1997) e os cartoons ou HQs, além de um livro de poemas, autobiografia e publicações para o público infantil.

Com essa obra tem recebido inúmeros reconhecimentos, como o Prêmio Jabuti, por quatro vezes e o Troféu HQ Mix, por duas vezes.


* Revisto em 14 de janeiro de 2024.

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