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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

Charles Dickens, o escritor dos deserdados

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Por Neiva Dutra Charles Dickens nasceu em 7 de fevereiro de 1812, na Inglaterra da Revolução Industrial, em uma família que viveu constantes dificuldades econômicas.  Da infância dura a uma relativa prosperidade, das críticas ao reconhecimento, Dickens escreveu, sobretudo, sobre os deserdados.  Não foi o primeiro nem o único a fazê-lo, mas o que escreveu, quando e onde escreveu, demonstram a extraordinária força com que impôs sua visão da sociedade e das relações entre os homens e os motivos pelos quais a literatura universal o consagrou. Charles Dickens estudou até os dez anos e quando a família mudou-se de Portsmouth para Londres não voltou à escola. A irmã foi enviada para a Real Academia de Música, para estudar piano, e ele foi trabalhar em uma fábrica, voltando a estudar apenas anos mais tarde. A mãe, contudo, tentou por todos os meios fazer com que voltasse a trabalhar, o que ele jamais lhe perdoou. A experiência do menino Charles na fábrica ressurge constant

Boletim Letras 360º #155

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Antes de ler mais uma edição que copia as notícias que publicamos durante mais uma ativa semana em nossa página no Facebook, chamamos atenção para o projeto 01:MIN DE POESIA. Está é a última chamada para participação dos leitores. Todas as informações estão disponíveis no mural do Letras no Facebook .  Segunda-feira, 22/02 >>> Brasil: "A morte da puta", um dos seis poemas inéditos Murilo Mendes encontrados pelo pesquisador Leandro Garcia Ele trabalha na organização das cartas trocadas entre o poeta e crítico (e amigo) Alceu Amoroso Lima. No caso deste, publicado no sábado pelo jornal Folha de São Paulo , pode-se ler como uma linha fora da curva ou uma provocação de Murilo a Lima: um poema sobre a morte de uma prostituta para um influente crítico católico publicar em uma revista literária católica, Ordem , editada pelo intelectual. O texto escrito em 1930 foi rejeitado e é apenas um grupo dos seis inéditos já encontrados pelo pesquisador. Terça-fe

A escrita em suspenso dos diários de Sartre

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Por Rafael Kafka             Li os diários de Sartre quando tinha 19 anos e iniciava o curso de Letras no antigo CEFET/Pa. Eu estava conhecendo a obra do filósofo existencialista, bem como de sua companheira, Simone de Beauvoir, e muito me interessou ler algo mais ligado a sua intimidade, até porque já na época eu demonstrava o interesse de manter um diário pessoal, mas sem as baboseiras típicas do gênero. Quando criança, tentei de todas as formas manter diários durante um certo período, porém tropecei diversas vezes no fato de ver na minha vida algo desinteressante demais, rotineiro demais. Adulto, percebo que na verdade quando crianças temos um olhar fantasioso demais que nos ajuda a lidar melhor com os demônios da realidade objetiva, algo bem retratado por Alê Abreu na animação brasileira O menino e o mundo , concorrente ao Oscar desse ano. Se tivesse colocado no papel as agruras de quando criança, provavelmente eu teria feito um belo esboço de autobiografia, cheio de

Trumbo: a lista negra, de Jay Roach

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Por Pedro Fernandes É cada vez mais visível que os critérios comerciais têm se sobreposto aos de significação do filme para que este figure uma lista de melhores na premiação mais badalada do cinema, o Oscar. Isso tem variado de ano para ano, mas não deixa de ser um dos elementos que deixam em crise o prestígio da premiação. A observação é válida para se perguntar por que Trumbo não está, mesmo que não ganhasse ou fosse forte concorrente, na lista dos melhores filmes. Claro, isso desfaz ainda outra questão, a da crítica especializada que viu na produção de Jay Roach um título entre o mediano e o medíocre. Sim, mediano, é talvez uma caracterização plausível, medíocre não. O que não é o caso, por exemplo, de Mad Max ; e este, sim, está na lista entre os melhores do Oscar de 2016. Trumbo  não é medíocre porque é um texto muito bem construído, com figurino e fotografias excelentes e, claro, a irreparável atuação de Bryan Cranston, ainda que se note certos cacoetes da persona

A vida e a poesia de Fernanda de Castro

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Por Maria Vaz Maria Fernanda Teles de Castro de Quadros Ferro, mais conhecida por Fernanda de Castro, foi uma poetisa, romancista portuguesa que se dedicou, igualmente, ao teatro, à ficção, à tradução e à literatura infantil. Dotada de uma personalidade ecléctica, o vasto leque de saberes fez com que publicasse, inclusive, um livro de introdução à botânica. Nasceu em Lisboa, corria o mês de Dezembro do ano de 1900, e faleceu em Dezembro de 1994. O seu pai era oficial da Marinha, motivo pelo qual teve uma infância e pré-adolescência povoada de mudanças de casa, onde constam cidades como Portimão, Figueira da Foz e Lisboa. Viveu ainda na Guiné, país que deixou aos doze anos, altura em que se tornou órfã de mãe. Aos 22 anos de idade, casou com António Ferro que, mais tarde, se viria a tornar um homem influente no departamento de informação e propaganda do regime salazarista. Talvez pelo facto de perdido a mãe tão jovem e por uma ligação muito forte com a religião cris

Umberto Eco, o último dos grandes intelectuais

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A cultura italiana nunca se deixou oferecer ao mundo intelectuais de grande envergadura. Umberto Eco, entretanto, pode ter sido um dos últimos na extensa lista de nomes. Não significa dizer que o pensamento estará extinto; é possível mesmo que, numa era marcada pela crise do espírito reflexivo venha daí outro nome que alcance a importância que o autor de O nome da rosa alcançou. Isso só o tempo futuro dirá. O prolífico escritor, filósofo, semiólogo, professor universitário é um dos últimos nomes do enciclopedismo e para que não o acuse de criatura presa ao universo de tinta e papel ou que fosse um retrógrado, um dos poucos que conseguiu combinar o erudito e a cultura de massa sem toldar-lhe as fronteiras e oferecer uma reflexão precisa sobre uma diversidade de temas de natureza igualmente diversa sobre a comunidade humana. Nesse diálogo conseguiu a façanha de aproximar os dois extremos da cultura ocidental e essa talvez seja um dos elementos principais que o fizeram um do

Harper Lee

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Por William Grimes Harper Lee, cujo único romance, O sol é para todos , sobre a injustiça racial numa pequena cidade do Alabama, vendeu mais de 40 milhões de exemplares e se tornou uma das obras de ficção mais amadas e mais estudas das escritas por um estadunidense, morreu na sexta-feira, 19 de fevereiro, em Monroeville, Alabama, onde morava. Tinha 89 anos. Hank Conner, um dos sobrinhos de Lee, disse que ela morreu enquanto dormia em Meadows, um asilo para idosos onde vivia há alguns anos. O sucesso instantâneo de O sol é para todos , que foi publicado em 1960 e ganhou o Prêmio Pulitzer de ficção no ano seguinte, tornou Lee uma celebridade das letras, um papel que para ela sempre foi opressivo e nunca aprendeu a conviver com ele. “Nunca esperei qualquer tipo de sucesso com O sol é para todos ”, disse numa entrevista de rádio em 1964. “Eu esperava por uma morte rápida vinda pelas mãos dos leitores, embora, ao mesmo tempo eu meio que esperava que alguém poderia go