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Mostrando postagens de julho, 2017

Os terraços de junho (contos e sonhos), de Urbano Tavares Rodrigues

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Por Pedro Belo Clara No verão em que se conta quatro anos deste o desaparecimento deste notável autor, toma-se a que se considerou feliz decisão de dirigir novamente um foco de atenção sobre uma das suas obras, oferecendo assim aos leitores mais interessados vislumbres renovados da temática essencial do escritor, jornalista, crítico e professor com fortes ligações a Lisboa e ao Alentejo.     Não será um dos trabalhos mais conhecidos, tampouco dos mais antigos, este que aqui se toma em consideração, editado em 2011 pela D. Quixote, mas um dos mais significativos no que toca à capacidade de revelar a extrema mestria de Urbano na elaboração de narrativas curtas. Sem nunca enublar a nitidez dos contornos da sua identidade literária, o autor reúne textos de plena maturidade onde oferece sérias reflexões de carácter moral e social e breves – mas profundas – viagens pelo íntimo humano mais recôndito ou reprimido. Destacando desde já a toada poética de cada linha escrita

Boletim Letras 360º #229

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Neste final de semana acontece mais um sorteio no âmbito das comemorações pelos dez anos do blog Letras in.verso e re.verso. No Instagram @Letrasinverso, sortearemos os quatro volumes da tetralogia napolitana, da Elena Ferrante – obra editada pela Globo Livros / Biblioteca Azul. As inscrições estão abertas até o dia 30 de jul., quando ocorre o sorteio. Por aqui já estamos a pleno vapor para organizar mais uma semana no blog e pensando qual será nossa próxima promoção. Algumas novas informações sobre o quadro mais famoso da história e seu autor, Leonardo da Vinci. Segunda-feira, 24/07 >>> Itália: Uma nova mãe para Leonardo da Vinci O novo livro do professor de História da Arte emérito do Trinity College e da Universidade de Oxford Martin Kemp e de Giuseppe Pallanti sobre a Mona Lisa  – Mona Lisa: The People and the Painting  – assegura que a mãe de Leonardo da Vinci foi Caterina di Meo Lippi, uma camponesa que aos 15 anos engravidou de um rico advogado flor

Roa Bastos e Juan Rulfo: as duas caras do exílio

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Por Jorge Eduardo Benavides Recentemente se cumpriram cem anos do nascimento de Juan Rulfo, esse mexicano astuto, calado e universal que depois de escrever um conjunto de contos e um romance – Chão em chamas e Pedro Páramo , respectivamente – decidiu empreender uma discreta viagem até o fundo de si mesmo e prender-se no exílio interior, nessa penumbra fresca que era como a antessala de onde contemplava os louros e as famas a partir de suas obras. Provavelmente faria isso com certa perplexidade, com dizem quem estava muito íntimo do escritor, pois era homem de acusada modéstia, pouco sensível às turbulências da fama e do ditirambo. Porque a partir do instante em que vieram a lume suas  duas breves obras, complementares em estilo e potencialidades, estouraram como fogos de artifícios as referências, os estudos, as críticas, as sucessivas edições e traduções para diversos idiomas: nunca antes trezentas páginas escassas serviram para conformar um corpo narrativo que sessen

A filha perdida, de Elena Ferrante

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Por Fernanda Fatureto A identidade de Elena Ferrante já não é mistério para ninguém, ao menos supostamente. Após o jornalista italiano Claudio Gatti afirmar no New York Review of Books que a autora – que publica por pseudônimo – é na verdade a tradutora Anita Raja, o universo Ferrante ganha cada vez mais adeptos pelo mundo. Em 2017 no Brasil foi lançado Um amor incômodo pela Intrínseca, mesma editora que publicou A filha perdida – terceiro romance da escritora originalmente lançado na Itália em 2006, mas que chegou por aqui em 2016. Por aqui também temos completa a tetralogia napolitana de Ferrante, editada pela Biblioteca Azul. Se o interesse cresce em torno da escritora italiana é devido ao modo como tece suas narrativas ao usar o realismo como base para transpô-lo num terreno pouco habitado pelas emoções, que levam as personagens a lugares desconfortáveis. Em A filha perdida ocorre o avanço e retrocesso da narrativa para contar a história de Leda, uma professora

Na vertical, de Alain Guiraudie

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Por Pedro Fernandes Quem tiver visto Um estranho no lago , talvez o filme que apresentou o trabalho do cineasta francês para um público diverso, não poderia esperar outra coisa se não o que se vê em Na vertical , embora esta seja uma produção bastante distinta em relação ao filme de 2013. O que coloca os dois títulos em relação é a obsessão de Guiraudie em torno de uma ideia que, ao longo da narrativa, no mesmo instante em que demonstra uma permanência sobre, a aprofunda. Outra premissa é a de ser uma história mínima mas capaz de tomar a força do absurdo. Aliás, esta última característica se verificava já em O rei da fuga , cuja história se centra unicamente nos impasses de um homem de meia-idade, homossexual, que se apaixona por adolescente e foge com ela dos seus pais e da polícia. As narrativas construídas pelo cinema do francês sempre têm permanecido presas numa repetição e em cada volteio revela o elemento surpresa capaz de deixar o espectador sempre à espera pelo

O lugar e o não-lugar do sujeito enunciador na narrativa de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto

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Por Thiago Feli cio cena da adaptação de Triste fim de Policarpo Quaresma  para o teatro por Antunes Filho, 2011. Parece redundante e curioso o fato que Lima Barreto, depois de ter sido estudado e ter tido sua obra analisada sob diversos ângulos, ainda tenha coisas a se dizer sobre sua literatura. É que os clássicos gozam dessa prerrogativa, de sempre estarem abertos a possibilidades interpretativas que não se esgotam, ao contrário, se amplificam. A obra de Lima Barreto também proporciona esse encadeamento de interpretações que nos leva a enxergar na narrativa Triste fim de Policarpo Quaresma como a literatura não se esgota. Portanto, pretendo comentar aqui e analisar como se apresenta o lugar e o não-lugar do sujeito enunciador nesta narrativa que alcançou o título de clássico nacional. Para isso, uso como embasamento teórico as noções de lugar e não-lugar elaboradas pelo filósofo Marc Augé. Inicialmente deve-se saber que o romance em questão faz parte d

Roberto Bolaño: "Escreve tu a poesia por mim"

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Por Toño Angulo Danieri Da esquerda para a direita: Roberto Bolaño, Álvaro e Bruno Montané. Arquivo Roberto Bolaño. Augusto Monterroso deixou por escrito os três destinos que esperam o latino-americano que pretende dedicar sua vida à leitura e à escrita: exílio, isolamento ou esquecimento. Não acrescentava exemplos, mas qualquer um que pense em Vallejo ou em Osvaldo Lamborghini ou no próprio Monterroso sabe a quem se referia o guatemalteco. As cartas que Bolaño enviou ao seu amigo e também escritor chileno Bruno Montané entre setembro de 1976 e uma data indeterminada de 1997, e que acabam de chegar à Biblioteca Nacional de Espanha (BNE), situam o autor de Estrela distante ao menos em duas esquinas dessa latino-americaníssima trindade literária. Nelas aparece o Bolaño desterrado (“para os velhos o exílio é algo insuportável, para os jovens é a promulgação natural da aventura”), mas sobretudo o “ermitão que permanece recluso” (assim o descrevem numa revista chilena e em

Boletim Letras 360º #228

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Esta é a nova edição de uma postagem que existe, como o número enuncia, há 228 semanas para reunir todas as notícias publicadas entre a segunda e a sexta-feira (ou extraordinariamente sábados e domingos) em nossa página no Facebook, cada vez mais próxima dos 66 mil moradores. Que notícias são essas? As selecionadas na web ou enviadas para nosso e-mail e que correspondem às linhas de interesse do blog. Nova edição de  Confesso que viv i, de Pablo Neruda, é reeditada incluindo mais de cem páginas inéditas, entre elas, notas sobre Federico García Lorca. Mais detalhes ao longo deste Boletim. Segunda-feira, 17/07 >>> Brasil: Fernando Pessoa pensador Escritos sobre Metafísica e Arte  é organizado por Cláudia Souza e Nuno Ribeiro. O livro reúne textos filosóficos de Fernando Pessoa e de outros "eus" pessoanos (Álvaro de Campos, Ricardo Reis e António Mora), cuja temática principal gira em torno da metafísica e da arte. Todos os escritos publicados foram t