Boletim Letras 360º #264


No último dia 30 realizamos no Instagram @Letrasinverso o sorteio de um exemplar de Uma forma de saudade, de Carlos Drummond de Andrade. O ganhador é o 233º leitor que recebe do Letras um livro numa de nossas promoções. A próxima oportunidade já está gestada: como informamos no nosso Twitter @Letrasinverso, será através do Projeto @LeiaPoesiaBr, administrado pela Revista 7faces e em parceria conosco. Desta vez, o sorteio será de um exemplar de caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, edição fac-similar preparada pela editora-parceira Companhia das Letras. Interessados em participar basta se integrar à rede do projeto no Twitter. Enquanto isso vamos ler as notícias que passaram durante esta semana pelo mural da nossa página no Facebook? 



Segunda-feira, 26/03

>>> Estados Unidos: Nova adaptação de Fahrenheit 451 será exibida em maio

A notícia é da HBO, produtora da nova versão dirigida por Ramin Bahrani: a adaptação do clássico romance distópico de Ray Bradbury chegará ao canal no dia 19 de maio. O romance, publicado em 1953, conta a história de quando o pensamento crítico é proibido, a mídia é usada apenas para distração da população e os livros devem ser queimados para que o conhecimento perigoso e perverso não se espalhe pelas ruas novamente. A primeira adaptação desta obra de Bradbury aconteceu em 1966 pelas mãos do diretor François Truffaut.

>>> Inglaterra: Inéditos de Charlotte Brontë serão publicados

Em 2015 a Brontë Society adquiriu um conjunto de documentos que pertencia à família da escritora; entre os papéis, num livro que pertenceu à sua mãe descobriu-se, mais tarde, um poema e um conto que, depois de vários estudos de especialistas na sua obra, foram classificados com inéditos. Agora, a notícia que nos chega é que, no final de 2018, por ocasião do Natal, este material será publicado. O conto apresenta uma punição pública a um desvio de conduta por parte de um capelão wesleyano, uma caricatura do Reverendo John Winterbottom, um oponente religioso do pai das crianças Emily, Charlotte e Anne. O personagem é "arrastado da sua cama no meio da noite" e depois "é levado pelos calcanhares de um lado da vila para o outro", escreve Charlotte na história. Já o poema traz Mary Percy, a esposa doente de amor do rei de Angria, Zamorna. As peças foram datadas a 1833, quando Charlotte teria por volta de 17 anos.

>>> Brasil: Novíssimos detalhes do amplo projeto de reatualização da obra de Tolkien no Brasil

Duas semanas após o anúncio da aquisição dos direitos da obra de J.R.R Tolkien pela HarperCollins Brasil, as novidades não param. No último domingo, 25, foi realizado na Reserva Cultural, em São Paulo, uma apropriação nacional do Tolkien Reading Day, evento originalmente criado pela Tolkien Society com o intuito de difundir a obra do Professor de Oxford e cuja data remete, nos registros do Condado, ao dia em que Um Anel foi destruído. O evento paulista contou com a presença do editor responsável pelas novas publicações de Tolkien por aqui, Samuel Coto, com o Publisher Omar Souza e com o tradutor da nova edição de O silmarillion, Reinaldo José Lopes, que apresentou uma breve palestra intitulada "O valor literário de J.R.R.Tolkien". Aliás, este parece ser o mote subjacente à proposta editorial: conferir a Tolkien o status que ele já desfruta em outras partes do mundo, a de um autor canônico ou ao menos incontornável para pensar certas questões fundamentais da vida e da literatura do século XX até o presente. Saiba tudo no restante do texto do nosso colunista Guilherme Mazzafera no nosso Tumblr

Terça-feira, 27/03

>>> Israel: O museu nacional exibe pela primeira vez uma parte dos manuscritos do Mar Morto: a passagem inclui os capítulos 5 a 15 do Gênesis

Até agora este documento havia permanecido guardado na câmara climatizada construída expressamente para albergar os delicados manuscritos encontrados em Qumran. O pergaminho — o único do conjunto de textos da Judeia, os demais são papiros — agora exposto é um dos textos mais misteriosos dos sete primeiros rolos descobertos em 1947; é um dos que estão em piores condições e por isso havia sido preservado dos olhares públicos. Nem mesmo foi possível trabalhar numa digitalização do material. Das 22 colunas, só as últimas, da 18 a 22, estão melhor conservadas. Data do século I a. C. e está escrito em aramaico; recolhe uma parte da Bíblia que narra sobre Abraão e Noé, a passagem do fim do dilúvio universal, mas conta com diferenças significativas do texto que chegou até nós e por isso a Igreja tem considerado como um apócrifo. Diferentemente do Gênesis conhecido, que conta que Noé sai da arca e o que primeiro faz é erigir um altar e fazer um sacrifício a Deus, no manuscrito se relata que Noé fez o ato ainda na arca — o que do ponto de vista histórico, aliás, guarda melhor sentido. Em 2015, mais de 25 fragmentos inéditos foram revelados

>>> Brasil: Três novas crônicas desconhecidas de Lima Barreto são encontradas

O achado provém do trabalho de reunir todos os textos do autor carioca realizado pelo pesquisador Felipe Rissato. Os trabalhos foram publicados na revista Theatro & Sport, em 1917, 1920 e 1921. O fato chama a atenção, porque a publicação tinha entre seus temas o futebol, que Lima odiava. São crônicas que têm como tema o teatro. A primeira, "O que queria o homem", é um conto satírico. Nele, um rapaz simples gosta muito de teatro e quer ver um espetáculo no subúrbio — mas é desprezado pelo diretor da companhia, por não ter dinheiro. Na segunda, aponta semelhanças entre a peça O dote, de Arthur Azevedo, a quem já havia tecido duras críticas, e um romance de Paul de Kock que tem um capítulo de mesmo título. Bem ao seu estilo, Lima escreve: "Cito isto, não porque pretenda postumamente acusar o mestre Arthur de plágio." Na última delas, critica a participação do Estado na arte, via um "teatro oficial": "Governo no teatro, entre nós, é exames, concursos, regrinhas e feitiço e ‘pistolões’ políticos". Via FSP.

>>> Brasil: A obra de Caio Fernando Abreu volta para a Companhia das Letras

Em julho a editora publicará uma antologia que reúne pela primeira vez todos os contos do autor. A edição trará textos inéditos de Ítalo Moriconi e Alexandre Vidal Porto, além de um antigo, publicado por Heloísa Buarque de Hollanda no Jornal do Brasil. A obra estava espalhada entre L&PM e Nova Fronteira, que continua com o teatro, as crônicas e os infantis de Caio F. A Companhia publicará ao todo sete títulos: entre eles Limite branco e Onde andará Dulce Veiga?, além de uma coletânea de poemas inéditos — edição que chegou a ser publicada, mas foi recolhida por conter alguns erros: alguns textos aí apresentados não eram do autor.

Quarta-feira, 28/03

>>> Brasil: Uma caixa reúne três histórias fantásticas que marcaram a literatura mundial

A coleção "Mestres da aventura" é editada pela Editora Nova Fronteira; os três livros são: A ilha do tesouro, de Robert Louis Stevenson, que conta a história de Jim Hawkins, um garoto que conhece no albergue dos pais o marujo Billy Bones, um velho lobo do mar. Do encontro inusitado resulta uma expedição cheia de riscos e aventuras rumo a uma ilha que, segundo o marinheiro, esconde um tesouro de valor incalculável. Robinson Crusoé, a obra-prima de Daniel Defoe. Nele, o jovem protagonista abandona sua pacata rotina na Inglaterra para se tornar marinheiro. A partir daí, ele leva uma vida de aventuras e riscos mortais que culmina no mais completo isolamento. O personagem termina em uma ilha remota, onde vai permanecer por quase 28 anos, refletindo sobre o sentido da vida, aproximando-se de Deus e criando um mundo próprio do qual ele é o senhor absoluto e solitário. E o clássico de Jonathan Swift, Viagens de Gulliver, que narra as aventuras do cirurgião Lemuel Gulliver, que termina por encontrar terras fantásticas de nomes exóticos, onde conhece homens pequeninos e gigantes, cavalos inteligentes, humanos bárbaros e mais uma variedade de personagens curiosos. Mas o que paira por trás da prosa envolvente de Swift é uma crítica mordaz ao homem, às instituições de poder e à ganância desmedida.

>>> Brasil: Uma obra, duas traduções. Publicado pela primeira vez em 1915, texto de Charlotte Perkins Gilman ganha duas edições no Brasil

Terra de mulheres (se pela tradução de Flávia Yacubian que sai pelo selo feminista Rosa dos Ventos / Grupo Editorial Record) ou Herland – A terra das mulheres (se pela tradução de Lígia Azevedo que sai pela Via Leitura / Editora Edipro) mostra como seria uma sociedade utópica composta unicamente por mulheres. Antes do leitor encontrar a suposta maravilha dessa utopia, terá de acompanhar três exploradores — Van, o narrador; o doce Jeff; e Terry, o machão — e suas considerações e devaneios sobre o país, no qual, os três têm a certeza de que também existem homens, ainda que isolados e convocados apenas para fins de reprodução. Um país só de mulheres, segundo os três, seria caótico, selvagem, subdesenvolvido, inviável. Uma vez lá, Van, Jeff e Terry se dividem entre a curiosidade de exploradores com fins científicos e o impulso dominador de um homem, oscilando entre tentar entender mais sobre aquela utópica e desconhecida sociedade e o sonho de um harém repleto de mulheres que talvez estejam dispostas a satisfazê-los e servi-los. Trata-se de uma obra que subverte questões como a definição de gênero, a maternidade e o senso de individualidade. Gilman, sempre lembrada por O papel de parede amarelo, nesta obra, cria uma história revolucionária e dá uma importante contribuição às discussões sociológicas sobre os papéis masculino e feminino em sociedades de qualquer época.

Quinta-feira, 29/03

>>> Brasil: Duas novelas inéditas de Robert Musil ganham edição aqui

Vagando e divagando pelo corpo, sensações e pensamentos de duas mulheres, Robert Musil, célebre autor de O homem sem qualidades, constrói em "Uniões" uma narrativa intensamente dramática e fragmentada, de absoluta radicalidade. As narrativas de "A perfeição do amor" e "A tentação da quieta Verônica" se fundam num erotismo e melancolia, em autorreflexões e contradições. Considerado um dos mais importantes romancistas modernos, ao lado de nomes como Kafka, Joyce e Proust, Musil não teve, à época da publicação dessas novelas, a recepção que esperava, daquela que considerava sua melhor obra. Talvez em razão da ousadia de incorporar uma mulher em uma época em que triunfava, sem questionamentos, o patriarcado. A profundidade existencial da narrativa de Musil, aqui, parece antecipar, de uma forma ainda mais intensa, a potência psicológica trazida por Clarice Lispector décadas depois. A tradução é de Lawrence Flores Pereir e Kathrin H. Rosenfield, esta última é também quem organiza a edição e escreve um ensaio sobre os dois textos de Musil. Marcos Sanches, Maria Tomaselli e Raul Cassou ilustram a obra que sai pela Editora Perspectiva.

>>> Brasil: Nova tradução para Pescar truta na América

Este romance de Richard Brautigan desestabiliza a ideia de um livro convencional enquanto cria um mundo onde coisas parecem improváveis de permanecer em seus devidos lugares. O escritor traduz seu espírito lisérgico em um romance metaliterário, sem sequência temporal, de capítulos curtos e ligados por um mesmo assunto, o ato que dá título à obra. Publicada originalmente em 1967, a história percorre a infância de Brautigan no noroeste dos Estados Unidos; a vida adulta em São Francisco; e uma viagem de acampamento em Idaho, com a esposa e a filha, no verão de 1961, ao longo da qual a maioria dos capítulos foi escrita. E, nesta primeira experiência de Brautigan com prosa, descobrimos que Pescar truta na América não é apenas o nome de um livro. Pode ser um personagem, um hotel, o ato de pescar em si, pode vir acompanhado de uma receita; pode ser tudo o que Brautigan e sua literatura conseguem transformar. A nova tradução é de Joca Reiners Terron e sai pela José Olympio.

Sexta-feira, 30/03

>>> Portugal: Edição do Fausto de Fernando Pessoa

Arquétipo do humano o mito de Fausto jamais se esgotou simbólica e literariamente. Muitos artistas contemporâneos e posteriores a Goethe o revisitaram criativamente, entre eles grandes autores como Púchkin, Paul Valéry, Thomas Mann e Pessoa. "Fausto", do poeta português, é muito celebrado por sua filosofia e por ser um dos pontos altos do fragmento na obra literária. Alguns estudiosos acreditam que se trata da própria oficina dos heterônimos de Pessoa, outros enxergam nessa obra singular (singular até mesmo para um autor de tantas singularidades como Pessoa) a luta entre a Inteligência e a Vida. A Inteligência, representada por Fausto, e a Vida segundo as circunstâncias do drama. A coleção Pessoa, dirigida por Jeronimo Pizarro para a Editora Tinta-da-china realiza uma edição completa da obra 30 anos depois da primeira.

>>> Brasil: Adaptação para o cinema de Quase memória, de Carlos Heitor Cony ganha estreia em abril

O romance foi publicado originalmente em 1995 e marcou a volta de Carlos Heitor Cony à ficção de forma consagradora, depois de mais de vinte anos afastado da literatura. A obra ganhou, em 1996, os prêmios Jabuti de Melhor Romance e de Livro do Ano, pela Câmara Brasileira do Livro. Trata-se de uma obra que explora o território entre a ficção e a memória a partir das reminiscências do autor sobre o pai morto. No filme de Ruy Guerra Carlos é um jornalista que, em um dia qualquer, recebe um pacote diferente. Através da letra e do embrulho, ele logo nota que o remetente é seu próprio pai, Ernesto, que morreu há alguns anos. Espantado, Carlos fica em dúvida se deve ou não abrir o pacote. Enquanto isso, relembra divertidas memórias que teve ao lado do pai. A adaptação chega ao cinema a partir de 19 de abril.

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