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O prazer dos devaneios estruturados. A criança no tempo, de Ian McEwan

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Por Guilherme Mazzafera O mais novo romance de Ian McEwan, Machines like me , a ser publicado no aniversário de Shakespeare em 2019, promete uma interessante incursão pela realidade alternativa de uma Londres nos 1980 em que a Inglaterra perdeu a Guerra das Malvinas e Alan Turing está vivo, obtendo importantes avanços em inteligência artificial. Dentre estes, há a possibilidade, factível aos pecuniariamente bem-nutridos, de adquirir humanos sintéticos reformuláveis ao gosto do cliente. Adam, um desses novos produtos, é comprado por Charlie, que o personaliza junto com Miranda, sua paixão. Um dos mais gastos recursos estruturais da forma romance, o triângulo amoroso parece dar as caras, agora acrescido da dimensão inquietante do ménage com um ser potencialmente inorgânico. Confesso que depois do desconcertante Enclausurado – ou Hamlet revisited narrado por um feto (sim, você não leu errado) –, a proposta não me soa demasiado ousada. A questão que parece mover o enredo