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Lasca, de Vladímir Zazúbrin

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Por Pedro Fernandes Vladímir Zazúbrin, Novosibirsk, 1918.   A certa altura do segundo capítulo de Lasca , o narrador que acompanha Srúbov, um agente da Tcheká, Comissão Extraordinária para Luta contra a Contrarrevolução e Sabotagem, primeiro órgão de segurança da União Soviética, antecessor da KGB, o narrador registra o encontro da personagem com uma carta do pai que assim diz: “Pense nos milhões de torturados, fuzilados, aniquilados para erigir o edifício da felicidade humana... Você está errado... A humanidade futura recusará a ‘felicidade’ criada sobre o sangue das pessoas...” Este excerto, sem desprezar toda a sua dimensão profética, pode ser tomado como uma síntese sobre um livro que atravessou as fronteiras do horror e se tornou numa das primeiras peças sobre um regime de dor e morte cujas marcas são indeléveis na história do povo russo. O que acompanhamos nas poucas páginas dessa novela é a crise de uma consciência que, mesmo obnubilada pelos interesses de um