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Mostrando postagens de janeiro 28, 2021

Desvio, de Juan Francisco Moretti

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Por Pedro Fernandes Juan Francisco Moretti. Foto: Martín Lucesole.   A narrativa de Desvio inicia com uma sentença que, dispersa num episódio de total desorientação do narrador e personagem, funciona como se um marco de orientação para este jovem quase tragado pela força das circunstâncias: “Abre os olhos, Nicolás, ele vai te matar.” No final, a força reativa do chamado é ainda um eco e se amplifica para fora da narração ao ponto de se integrar na apalermada consciência do leitor. Sim, este romance é um chamado. Sem subterfúgios, sem meios-termos, por vezes visceral, desbocado, alucinado, feito de uma urgência necessária; não é um piparote mas um soco, qual o tomado por este Nicolás que, num ímpeto de fúria, rompe com os limites da domesticação, e avança para o homem de qualidades reprováveis, o tipo-gado que, mesmo depois de tantas circunvoluções terrestres, sente-se autorizado para o insulto racista, vil, da mesma ou pior violência que a atitude homicida despertada do asco ao que é