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A “Comédia” de Dante: artifício do discurso divino

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Por Marco Perilli Dante e Virgílio. Edgard Degas.   Faz algum sentido, hoje, ler A divina comédia ? A resposta é unânime: sim. Tal como William Shakespeare, ou Miguel de Cervantes; igual a Homero ou a Bíblia. Agora, quanto às razões de tão categórica afirmativa, o critério é genérico, evasivo, apoia-se por trás de uma variedade de banalidades: são clássicos, eternos, exploram as paixões mais profundas, transcendem seu tempo e seu autor, são um espelho de nossa condição. Os clássicos nos leem. Umberto Eco dizia que os clássicos são os livros que odiamos já que nos obrigaram a lê-los na escola. Os clássicos, anotava Flaubert em seu Dicionário de lugares comuns , são os livros que nós presumimos conhecer.   A Comédia de Dante, que Boccaccio qualificou de divina , é o ponto de chegada e não regresso de uma civilização. Se em nosso imaginário, Dante é o criador de um mundo fantástico, o visionário de um além convulso e alucinado, e divertido, entre seus contemporâneos era apenas o invento