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James Baldwin. Foto: Sedat Pakay |
LANÇAMENTOS
Lançado originalmente em 1953, o
livro de estreia de James Baldwin é publicado no Brasil.
Harlem, Nova York, década de 1930.
John Grimes acorda no dia do seu aniversário de catorze anos e ninguém ao redor
parece se lembrar da data. Apesar do entorno apático e por vezes violento, o
protagonista não abandona seu otimismo. É então que ele percebe que a fé pode
dar um novo rumo para a sua vida e decide mergulhar em uma profunda jornada
espiritual.
Proclamem nas montanhas é
um romance de formação com caráter semiautobiográfico. A devoção, na trama,
ganha uma dimensão múltipla: se por um lado reflete o desejo de
autoconhecimento e de redenção individual, por outro funciona como um mecanismo
capaz de organizar a sociedade norte-americana como um todo — seus hábitos,
anseios e temores —, sobretudo quando se trata da experiência negra. A culpa e
a noção de pecado, assim, se revelam chaves imprescindíveis para compreender os
delicados vínculos que unem e distanciam os personagens. Para a escritora
Roxane Gay, que assina o posfácio da presente edição, o livro de estreia de
James Baldwin é “um libelo contra a hipocrisia, o recurso de dois pesos e duas
medidas, os falsos profetas e aqueles que usam a fé como arma, e não como
escudo”.
Tradução de Paulo Henriques
Britto e edição da Companhia das Letras.
Você pode comprar o livro aqui.
Depois do sucesso com Misericórdia
,
chega aos leitores brasileiros um novo romance de Lídia Jorge.
O cenário deste romance
extraordinário é uma antiga fazenda em Portugal — uma casa “suficientemente
distante do Atlântico para não se ouvir a rebentação durante a tempestade, mas
não tão longe que o salitre da poeira das ondas não lhe atingisse a fachada”. Com
a maior parte dos membros de sua família tendo deixado as dificuldades dessa
paisagem em busca de trabalho em lugares distantes, uma jovem luta para
reconstruir seu passado a partir das muitas e diferentes histórias que lhe são
contadas. Marcada pela ausência do pai, que partiu quando ela ainda era
criança, ela mergulha em uma jornada de resgate da memória e dos laços
familiares, guiada por lembranças nebulosas, silêncios e saudade. Os únicos
sinais deixados por ele chegam em forma de cartas enviadas dos lugares mais
distantes do mundo — sempre acompanhadas por desenhos minuciosos de aves
exóticas: o cuco da Índia, o íbis de Moçambique, o ganso da Terra Nova, o
beija-flor das Índias Ocidentais. Lindamente escrito e imaginado, este romance
evoca a atmosfera de uma comunidade rural em um mundo em transformação e
explora temas atemporais como família, independência e a experiência muitas
vezes dolorosa da emigração.
Diante da manta do soldado sai pelo selo
Contemporânea da editora Autêntica.
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Depois do trovão,
o novo romance de Micheliny Verunschk, investiga a formação de um país marcado pela violência ao iluminar o episódio
da Guerra dos Bárbaros.
Durante os séculos XVII e XVIII, a Coroa portuguesa
financiou expedições pelo interior do Nordeste do Brasil com o objetivo de
extinguir os povos da região, num longo conflito que ficou conhecido como
Guerra dos Bárbaros. Bandeirantes paulistas lideraram várias dessas tropas,
devastando as comunidades por onde passavam. Essas disputas são o pano fundo de
Depois do trovão , romance de Micheliny Verunschk que tem como protagonista
Auati, filho de uma indígena com um frei jesuíta. Levado ainda jovem pelo
próprio pai em uma dessas missões, ele é forçado a participar da destruição em
série e a se reinventar como Joaquim Sertão. O que fazer quando ele próprio é
vítima e perpetrador de tamanha atrocidade? Em que medida a guerra consegue
embrutecer uma pessoa e esconder quem realmente se é? Com um trabalho primoroso
de linguagem ― que recorre a elementos do português castiço, da língua
mirandesa, do tupi-guarani, do nheengatu paulista e das línguas tapuias ―,
Micheliny Verunschk segue a tradição de autores como Guimarães Rosa e Maria
Valéria Rezende e ilumina as contradições e a humanidade do sertão, em um
trabalho que dialoga diretamente com
O som do rugido da onça e
Caminhando com os mortos. O livro sai pela Companhia das Letras.
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Com um humor irreverente e
inesperadamente tocante, eis a história de uma mulher que descobre quem
realmente é antes que seja tarde demais. Por Vita Sackville-West, a amiga
íntima de Virginia Woolf.
Após a morte do velho estadista
lorde Slane — antigo primeiro-ministro da Grã-Bretanha e vice-rei da Índia —,
todos presumem que a viúva de oitenta e oito anos lentamente se apagará em sua
dor, mantendo-se tão decorosa, adequada e dedicada quanto sempre foi na vida
conjugal. No entanto, a aparentemente serena lady Slane tem outros planos.
Primeiro, ela desafia a intromissão condescendente dos filhos e foge para uma
casa alugada em Hampstead. Lá, para total espanto de sua família, ela desfruta
de uma nova liberdade, relembra suas ambições juvenis e se cerca de companhias
pouco convencionais — que lhe revelam o quanto se sacrificou sob a pressão das
expectativas dos outros. Com tradução de Evelyn Diniz,
Toda paixão exaurida
é publicado pela editora Morro Branco.
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Antologia apresenta em língua
portuguesa a obra de Eugeniusz Tkaczyszyn-Dycki.
Algo que nos sobreviva recolhe
poemas desde o livro de estreia Tkaczyszyn-Dycki, em 1990, até suas publicações
mais recentes; é uma pequena mas representativa amostra de uma das mais
expressivas e originais vozes da poesia polonesa contemporânea. A história da
família do poeta e os destinos dos seus conterrâneos da região fronteiriça
polono-ucraniana, marcados pela guerra, invasões e deportações, as próprias
experiências e recordações epifânicas e traumáticas, a enfermidade psiquiátrica
associada à figura da mãe e do filho poeta, assim como o próprio fazer poético,
ocupam lugar de destaque nesta poesia lírica e dialógica por excelência, como
objetos de representação mimética e exploração metafísica ao mesmo tempo, numa
linguagem ascética e extravagante, contemporânea e barroca, mas também
generosa, acolhedora dos nomes das coisas e pessoas, os esquecidos ou
marginalizados em particular, dos diversos registros e vozes da língua polonesa
e sua herança poética. Organizado e traduzido por Henryk Siewierski, o livro é
publicado pela editora 7Letras.
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Outro inédito no nosso idioma,
romance histórico da escritora iraniana Nahal Tajadod.
Por meio de uma narrativa
envolvente,
O faminto reconstrói o encontro transformador entre Maulana
Jalal Al-Din Muhammad Balkhi — mais conhecido como o poeta Rumi — e Shams de
Tabriz, o enigmático dervixe errante que o despertou para a poesia e a
transcendência mística. Com elegância e sensibilidade, Tajadod recria esse
momento entre os dois grandes personagens, que mudará a história de Rumi e
Shams, bem como da poesia mundial. A autora entrelaça fatos históricos e uma
narrativa lírica em primeira pessoa, na voz do próprio Shams. Este livro não é
apenas uma biografia romanceada, reconstruindo uma história de busca, amor
místico e separação a partir dos dizeres do próprio Shams (referenciados à
margem do texto); é também um convite ao leitor para uma experiência imersiva,
na qual o sagrado e o profano se confundem em um percurso de transformação.
Entre memórias, diálogos e reflexões, a narrativa pulsa com a beleza da poesia
e a intensidade de uma jornada interior. A edição conta com prefácio do
escritor e diretor de cinema Jean-Claude Carrière e ilustrações do artista
visual iraniano Ali Boozari, cujos desenhos partem da caligrafia persa para
representar os personagens que aparecem ao longo do livro e traduzir em imagens
os significados mais profundos do texto. Publicação da editora Ercolano;
tradução de Régis Mikail.
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Os dezoito textos que compõem
este livro capturam os detalhes mais íntimos de seus personagens, explorando os
não-ditos e os pequenos gestos.
Lidos em conjunto, eles compõem
uma dimensão grandiosa do cotidiano, repleto de momentos inesperados e de pura
poesia. Depois de
Tramas de meninos, João Anzanello Carrascoza desenlaça
novos fios, desta vez dando protagonismo ao universo feminino nas mais
diferentes vivências e idades: filhas que vão ao encontro dos pais; mães que
esperam seus filhos; a passagem da infância para a vida adulta e amores que
surgem na época da velhice. Assim, formam-se histórias que, embora
independentes, dialogam entre si num jogo a ser descoberto pelo leitor. Em
Tranças
de meninas, as relações familiares, os vínculos entre amigos e os momentos
de intimidade entre casais são desenhados com sutileza. Alguns resistirão ao
tempo e ao desgaste, enquanto outros, mais delicados, poderão desmoronar diante
de um acontecimento, um gesto ou uma palavra. Conduzindo os leitores por
caminhos de tensão e fragilidade, aqui o silêncio é tão revelador quanto o que
está dito. Publicação da Alfaguara.
Você pode comprar o livro aqui.
REEDIÇÕES
Nova edição da tradução de Mário
Da Gama Kury para uma das principais tragédias de Sófocles.
Antígona trata a luta
obstinada da heroína por sepultar seu irmão Polinices, desrespeitando a ordem
de Creonte, rei do estado de Tebas, que o considera um traidor e, por isso,
determina que ele não merece ser enterrado. Desobedecendo as leis e rasurando o
lugar dominante dos homens no espaço público, Antígona representa uma poderosa
afirmação da voz feminina na literatura ocidental, além de ser uma das
personagens mais emblemáticas do teatro. A nova edição sai pela Coleção
Clássicos Zahar com texto de apresentação de Luiza Romão.
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RAPIDINHAS
Uma nova tradução das Geórgicas.
A editora Mnēma, que tem se destacado no Brasil com a publicação de novas
edições de obras da literatura antiga, publica um dos livros principais de
Virgílio com tradução, apresentação e notas de Matheus Trevizam.
A gênese de um dos principais
livros de Mario Vargas Llosa. O processo de criação de
A cidade e os
cachorros, publicado em 1963, foi examinado pelo historiador Carlos Aguirres.
A cidade e os cachorros: biografia de um romance sairá pela Ateliê
Editorial no segundo semestre.
Aos amantes da história da arte
de gravar. A Com-Arte e a Edusp publicam com tradução de Julia Vidile o
Tratado
da gravura, de Abraham Bosse. Aparecido pela primeira vez em Paris, em
1643, este livro organiza e sistematiza possibilidades da água-forte e discute técnicas
de gravação em metal.
DICAS DE LEITURA
Na aquisição de qualquer um dos
livros pelos links ofertados neste boletim, você tem desconto e ainda ajuda a
manter o Letras.
1.
O Novellino, Anônimo
(Trads.
Talita Janine Juliani e Tiago Augusto Nápoli, Mnēma, 288p.) Ao lado de obras
como o
Decameron este conjunto de narrativas é considerado a base da
literatura italiana. A obra possivelmente composta entre os séculos XIII e XIV
que ganhou a primeira tradução em língua portuguesa tem texto do italiano
Alberto Conte.
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2.
Números naturais, de Marcella
Faria
(Editora 34, 192p.) Um conjunto de narrativas que se estrutura a
partir das feições da matemática para dar conta daquelas circunstâncias
existenciais marcadas pela ilusão do acabamento.
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3.
Fabián e o caos, de Pedro
Juan Gutiérrez (Trads. Paulina Wacht e Ari Roitman, Alfaguara, 200p.) Neste
romance, um exame crítico da ordem social gerida pelo poder a partir da vida
dos que estão à sua margem: um gay unicamente interessado pela música é marcado
pela presença de outro jovem totalmente o seu oposto.
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VÍDEOS, VERSOS E OUTRAS PROSAS
Em junho de 2022, o jornal
El
país visitou a biblioteca de Mario Vargas Llosa em Madri. Na entrevista e
no passeio pelos livros, o escritor recorda suas afinidades de leitor e suas
paixões perenes — como
Os miseráveis, de Victor Hugo,
Madame Bovary,
de Flaubert e
Tirant Lo Blanc, de Joanot Martorell. Disponível
aqui.
BAÚ DE LETRAS
E por falar em inéditos de James Baldwin aqui no Brasil, vale voltar a
esta resenha de
Going to Meet the Man: and Other Stories escrita por Renildo Rene; trata-se de um conjunto de contos até agora sem previsão de chegar aos leitores de língua portuguesa.
DUAS PALAVRINHAS
A ficção opera através dos
sentidos. Nenhum leitor que não vivencie de fato, que não seja levado a
sentir a história, vai acreditar em qualquer coisa que o escritor de ficção
simplesmente lhe diga.
— Flannery O’Connor
...
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* Todas as informações sobre lançamentos de livros aqui divulgadas são as oferecidas pelas editoras na abertura das pré-vendas e o conteúdo, portanto, de responsabilidade das referidas casas.
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