De Thomas Bernhard
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Por Daniel Rodríguez Barron Thomas Bernhard. Foto: Erika Schmied. Ler Thomas Bernhard é um esforço que só podemos empreender uma vez a cada dois ou três anos. A maioria dos leitores — incluindo os críticos — conjectura que sua maior dificuldade reside em seus traços estilísticos: suas obras se desdobram em longos parágrafos de orações subordinadas que se transformam em páginas inteiras, que por sua vez atingem o tamanho de capítulos e, frequentemente, em livros inteiros. A essa exigência, que nos obriga a mergulhar em um fluxo em que ora nadamos contra a corrente, ora estamos francamente à beira do afogamento, deve-se acrescentar a repetição incessante e estridente de palavras e até frases inteiras, quase sempre ofensivas, sediciosas ou mórbidas. Proponho que aí reside a verdadeira dificuldade com Bernhard: ele nos aniquila, implacável e sem descanso; não podemos segui-lo sem nos envergonharmos de nossa existência. E praticamente nenhuma outra literatura faz isso por nós....