Desenredos em Guimarães Rosa
 Por Cleusa Rios P. Passos           “ A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. ”   ( Grande Sertão: Veredas )     Dentre os processos compositivos de João Guimarães Rosa, destaca-se o modo lúdico e laborioso de  “ contar desmanchando ” , despertando no leitor ressonâncias sutis de causos e estórias, já narrados ao longo de sua obra ou da tradição literária. Paralelamente, o ato de desenredar  se faz um de seus traços profícuos, ao lado da mistura  de temas, tempos, processos lingüísticos e formas literárias, já assinalada pela crítica.     Título de renomado texto de Tutaméia , Terceiras Estórias  (1967), o desenredo  tanto ganha o papel interno de mudança das relações do casal-protagonista (Jó Joaquim e Livíria / Rivília / Irvília) quando opera a reelaboração de elementos bíblicos (Adão / Eva, Jó) e ficcionais ( Odisséia ). Reiteram-se aí a inserção de suas narrativas na estória e tradição literárias, bem como a presença de um trabalho d...