Escritos póstumos

Por Juliano Pedro Siqueira Carl Spitzweg. O poeta pobre , 1839. Parece existir certo augúrio contra as mentes geniais e aqueles que denotam grandes habilidades culturais, criaturas que se destacaram notavelmente, deixando suas contribuições no tempo em que existiram. O esforço despendido por um homem para chegar ao cume da montanha pode significar somente o prelúdio da sua inevitável queda. Assim costuma ser a relação do artista com a arte. Após terminada a obra, ao invés do esperado acolhimento do público, logo lhe sobrevém terríveis frustrações. O mundo costuma conspirar contra os espíritos excepcionais, que mesmo depois de sangrarem até a última gota para legarem a humanidade seus trunfos, são condenados ao ostracismo, senão, à maldição. Quantos talentos foram sentenciados à morte mesmo antes de descerem à sepultura? Muitos foram os prodígios que saborearam o fel da rejeição, sendo esmagados por não se enquadrarem em determinados padrões morais ou movimentos intelectuais. O crivo so...