Submissão, de Michel Houellebecq
 
  Por Carlos Zanón           No início parece as trombetas de Jericó. Mas no final são só violinos desafinados tocando ao pé do ouvido. Discussão midiática, livro, entrevista, tocata e fuga: um bom suflê . Para alguns, ao ponto. Para outros, demasiadamente amargo. Banal, polêmico, fútil, lúcido ou valente. E de uma forma ou de outra  todos falam e muitos compram. Descobrem que dentro do suflê  há um livro e dentro do livro um autor com mais ingredientes de escritor do que aparenta. Houellebecq é como escreve. Você ama ou odeia.         Sem seu talento, faro e essa artesanal e personalíssima maneira de urdir sua mecânica intelectual de tese, ficção, autobiografia, piada, sexo mecanizado, suicídio roudinesco e niilismo hedonista, Houellebecq não haveria aguentado nem o primeiro round  do combate. Mas segue. Marcando o passo. Gerando debate porque, na sua maneira de expor o feio e não ceder à tentação literária de criar beleza do lixo, nos enfrenta com algo mais doloroso que a nossa p...