Zila Mamede — itinerário e exercício da poesia (2)
Salinas  – do mar à terra da mãe Por Paulo de Tarso Correia de Melo* Partida   Quero abraçar, na fuga, o pensamento   da brisa, das areias, dos sargaços; quero partir levando nos meus braços   a paisagem que bebo no momento.   Quero que os céus me levem; meu intento é ganhar novas rotas; mas os traços   do vigem mar molhando-me de abraços serão brancas as tristezas, meu tormento.   Legando-te meus mares e rochedos,   serei tranqüila. Rumarei sem medos de arrancar dessas praias meu caminho.   Amando-as me verás nas puras vagas.   Eu te verei nos ventos de outras plagas: Juntos – o mar em nós será caminho.   (Zila Mamede, Salinas )   ***   “Pesada e real, diversa é a praia agora” (Soneto das Variações, Rosa de Pedra)    Salinas foi editado em 1958, na “Coleção Aspectos”, do Ministério da Educação e Cultura, após receber o prêmio Vânia Souto de Carvalho, Recife, 1958. Embora Zila Mamede o tenha definido como um livro que mereceu maior cuidado que a pura intuição de Rosa de pedra e lhe rec...