Parágrafo de Pedro Nava, crônica de Drummond

Por Leonardo Thomaz Assim a poesia circula como um facho levado por mãos que a prezam, e alguma coisa, no abismo, se salvará. — Carlos Drummond de Andrade. Vitrine da Livraria José Olympio, Rua do Ouvidor, anos 1940. Uma página de um livro das memórias de Pedro Nava pode equivaler a crônicas inteiras de Carlos Drummond de Andrade. Ambos leitores de Proust — Drummond, inclusive, chegou a traduzi-lo —, estabelecem relações distintas com sua obra. Enquanto Pedro Nava extrai parágrafos caudalosos de pequenos episódios perdidos no passado, Drummond se praza na síntese poderosa desses momentos, confinando-os a uma dolorosa fotografia na parede. São maneiras de elaborar o passado, matéria de alta envergadura e longa tradição nas letras mineiras. A mineirice desses escritores — inclusive, muito amigos — se cruza e se potencializa na recordação de diferentes casas de livros. No segundo volume de suas memórias, Balão cativo , publicado em 1973, Pedro Nava co...