Poema-conto de sonho-cabaré
 
     Cabaré Santa-Fé. Foto: Paulo Abrantes          na tarde sombria que alarde  ouço por baixo dos panos sujos, ensebados  de suor e gozo  os gemidos frenéticos  vindos do quarto ao lado.   parece uma ladainha  cantada, gritada em latim vulgar  ou um grito rasgado de rito  de ave-maria barroca.   e mais tarde  sob o desvario frenético  da última trepa da noite  como açoite aos meus ouvidos  a sirene de uma ambulância  e de carros de polícia  cercam o casebre  debruçado na beira da estrada  solitária e vazia.   alguma coisa comia meu pensamento  entre o entra-e-sai de meu órgão copiosamente  inebriado no orvalho do sulco vaginal.   a prostituta vizinha  que gritava e gemia  encontra-se nua e estrangulada  no meu pensamento.   quando de súbito acordo e recordo  mentalmente de nada,  passou,  um sonho,  uma polução noturna.    * Acesse o e-book Palavras de pedra e cal  e leia outros poemas de Pedro Fernandes.