Véspera da água, de Eugénio de Andrade
 
 Por  Pedro Belo Clara           Voltamos ao universo eugeniano com o intuito de abordar a obra que, em conjunto com outras editadas em anos relativamente próximos, por muitos é considerada um dos pilares centrais da mais amadurecida fase poética deste destacado autor.     Publicada em 1973, Véspera da água  é um livro que desenvolve as intenções poéticas sugeridas por Ostinato Rigore  (1964) e Obscuro Domínio  (1971), partilhando com os mesmos não só determinados preceitos comuns à temática de Eugénio como, de igual modo, fomenta a evolução dos mesmos. Por isso, poder-se-á dizer que este trabalho representa uma tentativa continuada de aperfeiçoamento de formas, estilos e temas.     De facto, se nos familiarizarmos com os anteriores volumes publicados, iremos não só verificar a habitualmente depurada e translúcida imagem poética (ou a frugal raiz do vocabulário de sempre, embora cada vez mais rico e empregado em verso seguro), como também significativas mudanças ao nível do uso da ...