Para tempos de isolamento: Daniel Faria
 
    Por Paula Luersen      Daniel Faria. Foto: Augusto Baptista        Repito que vivo enclausurado na agilidade de um animal nascido   Correndo ao lado dele, correndo para ele – era assim   Que eu queria que fosse a linguagem veloz:   Uma casa para a infância com trepadeiras   Para que as palavras ficassem como frutos no alto.     Repito a corrida na memória quando estou parado   Penso velozmente que o amor, como Dante disse, é um estado   De locomoção. É um motor. E fico a trabalhar no mecanismo secreto   Do amor.     Sei que estou em viagem na palavra que se move.     Repito o trajecto para ver o poema de novo – era assim   Que eu queria que fosse a linguagem de uma coisa amada   Correndo ao meu lado, correndo para mim no mecanismo violento   Do amor. Era nele que eu queria a casa com trepadeiras   Onde as palavras ficassem silenciosas e altas como um pátio interior     *       Os dias de isolamento me trouxeram novamente os poemas de Daniel Faria. Em especial, o título de uma das s...