Adultecimentos
 
     Talvez das escusas de meu corpo  Pelas frinchas da alma  Ainda ingênua de amar  Deixei-te escapar  Fria e nua na calma da noite   Fomos, ela e eu, em dormidas  Cabeceira-pés, pés-cabeceira  Rodopiando por entre astros, os céus  Em brincadeiras ativas, curiosas  Que o corpo já adultescendo reclama  Tocando o que existe para ser tocado  Por entre os lençóis   Em mim ficaram inapagáveis lembranças  Daqui estou a vê-la deslizando nua  No espelho da memória  No corpo das palavras  Num mover-se erótico  Debaixo do lençol.   Daqui estou a ver  Encobertos pela noite, às escusas,  Uma exploração tátil dos nossos corpos  No corpo das palavras sussurrantes  Ou mesmo no silêncio da respiração ofegante  Uma vivacidade de almas palpitantes  Aceleradas na caixa do peito   E dormíamos como anjos  Em falso sono adultecíamos.    * Este poema foi publicado inicialmente em Jornal Trabuco , ano II, n. 3. jan. fev. março de 2009. Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outr...