Escrever não é bicho de sete cabeças, mas assusta
 
   Por Pedro Fernandes           Escrever não é outra tentativa de destruição mas antes a tentativa de reconstruir tudo pelo lado de dentro, medindo e pesando todas as engrenagens, as rodas dentadas, aferindo os eixos milimetricamente, examinando o oscilar silencioso das molas e a vibração rítmica das moléculas no interior dos aços.     José Saramago, Manual de pintura e caligrafia     Todo texto é um desafio imposto para quem lê, mas mais ainda para quem se aventure na escrita dele. Até hoje, depois de ter lido O prazer do texto , de Roland Barthes, não sei especificar se realmente é prazer o que sinto no ato de escrever e se o prazer barthesiano realmente existe ou não. Talvez esteja aí sua natureza de prazer - a incapacidade de especificidade daquilo que é da ordem do sentimento.      O projeto de minha dissertação foi escrito ainda em meados do segundo semestre de 2008; foi gestado desde início desse ano. Depois de submetido a um exame de sele...