Sobre Corpo de festim, de Alexandre Guarnieri
 
 Por Pedro Fernandes           toda a vida contida numa exígua partícula,   – desdobrável de si própria –, equilibrada   sobre a mesma progressão desenfreada;   deuses ferveram-na numa caldeira aquecida   ante o clarão do big bang / cozeram-na por milênios,   lenta, nas tripas da mais velha estrela / e lá, aprisionada,   como o maior espetáculo da via láctea, além do limbo   centígrado dos organismos bioquímicos,   replicou-se a enzima de sua fina   ( e elástica ) matematicidade   // até que [...]     Alexandre Guarnieri escreveu Corpo de festim , livro que integra o lento e sofisticado processo de lapidação poética porque passa todo poeta comprometido com a palavra. Sim, porque sempre existiu, mas tem ganhado forma com cada mais cinismo, o poeta criador de formas falsamente manipuláveis e, logo, facilmente quebráveis ao dinamismo do tempo. Não é porque o material verbal que o poeta utiliza é estranho ao universo acusado tantas vezes de pertencer às formas frágeis. Não. É o trabalho in...