Castro Alves
 
       Parece que os astros são anjos   pendidos   Das frouxas neblinas da abóbada azul,   pendidos   A filha morena dos pampas do sul.     *     Sicambros do sol da gloria   Ergamos a fronte ao sol,   Condores, tingi as azas   Morno é o banho do arrebol.       Como bardos inspirados,   Quando palpita a victoria   O vento canta epopéas,   Quando o tempo d’entre os dedos   Debalde raio impotente   Assim foi... E ha tantas per’las   Já de horror prorompe um grito   Nos pampas dormido tremes   – Que sombra é aquella no norte?   Silencio. Calle-se o canto   D’esses que alteiam as frontes,     (este poema foi publicado no Jornal Do Recife , n. 213, de 14 de setembro de 1865, p. 1)       É preciso apostrofar este Pernambuco de 63, apenas interessado em vender açúcar. Voltar o látego da poesia contra os barões do engenho. É preciso compor um painel onde a infâmia fique estampada: os navios negreiros atravessando o oceano, as senzalas imundas, a mãe cativa a amamentar o filho sem futuro, o...