Machado de Assis: Feliz ano velho
 
   por Carlos Faraco*       Enterro de Machado de Assis       Quando Carolina Novais morreu, em 1904, a vida de Machado de Assis desmoronou.     “Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo (...). Aqui me fico, por ora, na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo me lembra a minha meiga Carolina. Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará.”     Para Machado, o “eterno aposento” se abriria quatro anos mais tarde.     O desapego à vida dá agora o tom das cartas de Machado aos amigos:     “Após trinta e cinco anos de casados é um preparo para a morte”. (28 de out 1904)     As únicas coisas que o mantinham vivo eram o carinho dos amigos – tantas vezes expresso em cartas –, o interesse pela literatura e pela Academia Brasileira de Letras, que ajudara a fundar em 1896, e da qual fora eleito presidente primeiro e perpétuo.     “Faço o que posso, mas para mim o trabalho é distração necessária...