O muro de pedras, de Elisa Lispector
Por Pedro Fernandes Elisa Lispector. Foto: Gil Pinheiro. Arquivo Manchete . Restaurada com IA. “Estou sempre começando, para em seguida terminar, e recomeçar de novo, os elos partidos, um não chegando a emendar no outro.” A conclusão, de muitas de sentido semelhante levantadas por Marta, protagonista de O muro de pedras , é também uma revelação sobre o movimento da narrativa que perfaz o curso existencial de uma mulher entre a sua primeira idade adulta até a velhice. O curso do romance de Elisa Lispector é feito de pura sondagem psicológica e analítica, o que coloca sua obra nas primeiras fileiras do modelo existencialista bastante cultivado pela literatura no seu tempo. Nos romances herdeiros do existencialismo o enredo se esboroa; o que importa à narração é alinhavar recortes precisos, marcadamente os encharcados da angústia anterior ao instante de epifania, este que uma vez consumado entra outra vez na circularidade dos volteios psicológicos do indivíduo observado. Na...