Os desenhos de Silvia Plath (I)
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Curioso gato francês por Sylvia Plath. |
Semana dessas fizemos um passeio pelos desenhos do poeta
brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Mas, como temos visto por aqui, o motivo até para abertura de uma sequência de publicações do gênero, o poeta mineiro não foi a única figura da literatura que praticou a fuga da escrita para o desenho, ou melhor que encontrou nas artes plásticas certo refúgio para materializar suas inquietações perante o mundo exterior, aquele pelo qual também transita.
Recentemente, soubemos que foi divulgado um conjunto de 44 desenhos da poeta estadunidense Sylvia Plath. A novidade
chegou sob forma de uma exposição em cartaz na Mayor Gallery, em Londres, no final de 2011. Certamente, o material exibido ganhará, mais tarde, as páginas de livro, afinal, há muito o mercado editorial descobriu o apreço pela miudeza produzida por seus autores de predileção. E este é um caso muito específico.
O blog Brain Pickings chegou a publicar a reprodução de alguns desses desenhos, que, juntamente com outros pescados na web (vários jornais no meio virtual replicaram os sketches de Plath) agora compõem as ilustrações desta matéria.
O material revelado são esboços feitos com caneta e tinta muito bem elaborados e acabados,
ricos na precisão de detalhes, na coerência e na firmeza do traço, revelando um mundo da paisagem natural, da arquitetura, entre outros exemplos, em fino contraste com o que conhecemos da atmosfera da literatura de Sylvia Plath, quase sempre angustiada e presa a um lugar estrangeiro nas fronteiras de um mundo estreito demais.
Reconhecida principalmente pela
sua poesia, Sylvia Plath além de se mostrar uma exímia
desenhista, escreveu pelo menos um romance, A redoma de vidro,
publicado na época sob o pseudônimo de Victoria Lucas. Este romance segue com o
estilo confessional reconhecido na sua poesia e apresenta caminhos para uma
leitura sobre a conturbada vida psicológica de uma mulher situada numa
difícil encruzilhada social, entre a transição para a liberdade e as
responsabilidades até então a ela impostas.
Os registros de Plath
incluem entre os temas que observava: o ambiente rural ou marítimo, árvores, animais, os telhados parisienses, igrejas, objetos pessoais ou eram retratos de Ted Hughes. São desenhos, alguns, concebidos durante a lua-de-mel vivida, boa parte, na França, alguns meses na Espanha, antes de chegarem aos Estados Unidos.
Outra parte dos desenhos agora revelados datam de 1955 a 1957, período quando Sylvia Plath passou, como bolsista Fulbright, no Newnham College, em Cambridge. Foi durante esse período que conheceu e se casou com o também poeta Ted Hughes. Um material com traço original, que significa uma nova face da autora de Ariel.
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