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Negras flores da mesma haste - três mulheres suicidas na literatura: Virgínia, Florbela, Ana C.

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Por Márcio de Lima Dantas Alma sonhadora  irmã gêmea da minha Fernando pessoa Florbela Espanca escolheu o mesmo dia em que nasceu para suicidar-se. Alguns parecem nascer assinalados para cumprir o papel do sacrificado, em nome da harmonia genérica de um padrão convencionado como “normal”. São os profetas, os mártires, os loucos, os santos e os poetas. Os referidos por Marcel Proust como nervosos. Uma grande parte dos poetas trilhou veredas secundárias, diferentes ou diretamente antípodas à ao que se diz de normal. É claro que a grande máquina do mundo cobra seus altos tributos. Esses seres de exceção, desafinadores da longa sinfonia geral do existir sobre a terra, imprimem com suor, sangue, arte e ciência seus nomes nas margens das tipográficas manchas negras da vida. Alguns deles, consciente ou inconscientemente, optaram pelo suicídio, num processo de autodestrutividade, muitas vezes, impetrado de maneira que atinge requintes de esquisita violência narcísica ...

Florbela, de Vicente Alves do Ó

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Três casamentos, abortos, amantes, um amor incestuoso pelo irmão que morre tragicamente num acidente de avião, rejeição da crítica pela sua escrita, uma personagem perdidamente entre os fluxos da vida, dada ao arrebatamento em tudo que faz, uma suicida. Um perfil assim, tão simples, mas sublinhado por situações tão complexas, é já matéria suficiente ao exercício criativo em produzir qualquer texto sobre a vida da poeta portuguesa Florbela Espanca. Diante dessas situações, há muitas possibilidades de produção. Fiquemos, no entanto, com duas delas: transformar isso num melodrama típico ou trabalhar o drama até aproximá-lo do trágico. Nem precisa dizer que os dois extremos são um tanto perigosos. E não ter o domínio da objetividade, corre o risco de quem por aí se aventurar dar com os burros n’água. Isto é, transformar uma biografia que muito tem a dizer em qualquer coisa para agradar emoções ou exacerbá-las. A questão se complica ainda mais quando lembramos está diante de...

Florbela Espanca, tormento do ideal

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Por Laury Maciel Florbela d’Alma da Conceição Lobo Espanca nasceu na Vila de Viçosa (Alentejo), em 1894. Seus primeiros versos são da época em que fez o curso secundário, em Évora, e que somente viriam a ser reunidos em volume depois de sua morte. Malogrado seu casamento, vai para Lisboa estudar Direito e, nesse mesmo ano, 1919, publica Livro de Mágoas , que passa despercebido. Igual destino teve a obra seguinte, Livro de Soror Saudade , dado a lume em 1923. Novamente infeliz no casamento, retira-se do convívio social, embora continue a escrever poesia e a publicá-la ao acaso. Recolhe-se a Matosinhos, já agora estimulada pelas renovadas esperanças de felicidade conjugal, mas seus versos entram a dar sinais de exaustão. Morre, segundo alguns estudiosos, de suicídio, em 1930. Toda a produção de Florbela entre os anos de 1915 e 1917 – tanto em poesia como em contos – foi escrita em um livro de mercearia ao qual ela deu o título de Trocando olhares . Deste livro ela separou 33 poemas p...

Dois volumes com a poesia de Florbela Espanca

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Referências sobre a vida de Florbela Espanca, acusam 1903, quando tinha só sete anos, a escrita de seu primeiro poema, "A vida e a morte". Desde o início é muito clara sua precocidade e preferência a temas mais escusos e melancólicos. O primeiro livro é organizado em 1916, quando Florbela reúne uma seleção de sua produção poética do ano anterior e o chama Trocando olhares ; na coletânea, 88 poemas e três contos. O caderno que deu origem ao projeto encontra-se na Biblioteca Nacional de Lisboa, contendo uma profusão de poemas, rabiscos e anotações que seriam mais tarde ponto de partida para duas antologias, onde os poemas já devidamente esclarecidos e emendados comporão o Livro de mágoas  e o Livro de Soror Saudade . O primeiro sai em 1919 e apesar da poeta não ser tão famosa, a pequena tiragem esgota muito rapidamente; quatro anos depois, o segundo que havia sido planejado para se chamar Livro do nosso amor ou claustro de quimeras . Em 1927, Florbela organiza os poemas q...