Postagens

Boletim Letras 360º #618

Imagem
Gonçalo M. Tavares. Foto: Pedro Nunes   LANÇAMENTOS   Os leitores brasileiros iniciam 2025 com um novo livro do escritor português Gonçalo M. Tavares .   O diabo está a rondar a casa. E pelas mãos de Gonçalo M. Tavares, ele vem se juntar ao universo literário das Mitologias ao lado de personagens como os Doze-Apóstolos-de-Bicicleta, os Nómadas, os Meninos, o Homem-Que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada e o Povo-Armazenado. Neste espaço imaginário de possibilidades infinitas, a verdade científica e sua lógica pouco importam, com narrativas e tipos que só obedecem regras próprias se cruzando e nos conduzindo por uma dimensão de originalidade poucas vezes vista. O diabo é publicado pela editora Dublinense. Você pode comprar o livro aqui .   O novo romance de Sidney Rocha .   No tecido intricado da literatura, encontramos romances que não apenas nos envolvem em narrativas cativantes, mas também nos desafiam a refletir sobre os grandes dilemas que permeiam a condição hu...

Elogio da fotocópia

Imagem
Por Alejandro Zambra Jess Allen (detalhe).   Ensaios de Roland Barthes sublinhados com marca-textos fosforescentes, poemas grampeados de Carlos de Rokha ou de Enrique Lihn, romances espiralados ou precariamente encadernados de Witold Gombrowicz, de Clarice Lispector: é bom recordar que aprendemos a ler com essas fotocópias que esperávamos impacientes, fumando, do outro lado da janelinha. Umas máquinas enormes e incansáveis nos ofereciam, por poucos pesos, a literatura que queríamos. Líamos esses feixes mornos e logo os guardávamos nas prateleiras como se fossem livros. Pois é isso que eram para nós: livros. Livros queridos e escassos. Livros importantes.   Lembro-me de um companheiro que fotocopiou Guerra e paz , trinta páginas por semana, e de uma amiga que comprava resmas de papel azul-celeste, pois, segundo ela, dessa forma a impressão saia melhor. De minha parte, a maior joia bibliográfica que tenho é um exemplar peregrino de La nueva novela [O novo romance], o inimitável...

Boletim Letras 360º #617

Imagem
  Adília Lopes. Foto: Joana Dilão   LANÇAMENTOS   O primeiro importante lançamento de 2025? Este romance desafia a ideia de progresso e nos confronta com a pergunta: o que realmente importa quando tudo o que resta é sobreviver?   Ao acordar sozinha no chalé de caça onde estava hospedada nos Alpes austríacos, a narradora deste romance descobre-se cercada por uma barreira invisível e intransponível. Do outro lado, o mundo parece petrificado, suspenso num misterioso estado de destruição imóvel e silenciosa. Sem acesso à civilização, ela precisa aprender a sobreviver em completa solidão, acompanhada apenas por um cachorro chamado Lince, uma vaca que batiza de Bella e uma gata. A certa altura de seu isolamento, põe-se a escrever um “relato” — o próprio romance que lemos — no qual narra o abandono gradual de sua identidade social, e particularmente da ideia de feminilidade que a sociedade lhe impunha. “A narradora de Haushofer passa grande parte do romance se despindo de s...

Considerações em torno do Auto da Compadecida

Imagem
Por Pedro Fernandes Ariano Suassuna durante as filmagens da primeira versão de sua peça Auto da Compadecida , em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, 1968. O Auto da Compadecida é um divisor no reconhecimento da obra de Ariano Suassuna (1927-2014). Continuamente encenada, a peça alcançou uma popularidade pouco comum para a literatura brasileira, ainda mais numa seara das mais áridas, o teatro. Um breve levantamento nos mostrará a pouca recorrência de criações neste gênero no campo de destaque em relação a formas como as da prosa e da poesia.   O dramaturgo concebeu este trabalho em setembro 1955, quando já havia escrito outras peças, como Cantam as harpas de Sião (1948), Os homens de barro (1949), Auto de João da Cruz (1950) e O arco desolado (1952). Este primeiro conjunto do seu teatro aponta para o modelo armorial e como tal se situa entre o épico e o narrativo seguindo as feições das expressões das formas antigas eruditas ou populares.   O próprio Ariano Suassuna assim...

Doze poemas aforísticos de “Pássaros Vagabundos” (1916), de Rabindranath Tagore

Imagem
Por Pedro Belo Clara (Seleção e versões)* I.   Pássaros vagabundos do verão vêm à minha janela cantar e para longe voar. Folhas de outono amarelecidas, que não conhecem canção, agitam-se e tombam com um suspiro.        II.   Oh, trupe de pequenos vadios do mundo, deixai em minhas palavras as vossas pegadas.        III.   São as lágrimas da terra que mantêm em flor os sorrisos da terra.     IV.   Se derramares lágrimas por sentires falta do sol, perderás o brilho das estrelas.     V.   Aquilo que és não poderás ver, o que vês é a tua sombra.   VI.   Lançam as suas sombras adiante, aqueles que carregam a lamparina em suas costas.     VII.   O Homem é uma criança que nasceu, o seu poder é o poder do crescimento.     VIII.   A luz que brinca, como uma criança nua, no meio das folhas verdes, alegre desconhece que o homem pode mentir.        IX. ...

Boletim Letras 360º #616

Imagem
  Augusto de Campos. Foto: Daniel Prata   LANÇAMENTOS   Novo livro reúne a poesia de uma década de Augusto de Campos .   Transitando entre a criação poética, a transcriação, a crítica social e a política, Pós Poemas nos faz mergulhar novamente no universo “verbivocovisual” do grande poeta brasileiro, um espaço de sensações e inspirações múltiplas que surpreendem pela força poética e visual, e pela imensa carga lírica, social e política. Augusto de Campos nunca fugiu de temas controversos ou da disputa na arena política. Ao contrário, faz-se presente e atuante com soluções sofisticadas e plasticamente impecáveis. Assim como os demais livros da tetralogia, Despoesia , Não e Outro , o formato do livro é pensado como uma obra de arte em si mesma, colorido e impresso em papel couchê é visualmente conectado a poesia e história de Augusto de Campos. Tantas décadas de produção e o poeta não envelhece nem na forma nem no conteúdo. Publicação da Perspectiva. Você pode compra...