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As cores de Haruki Murakami

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Por Guilherme de Paula Domingos Haruki Murakami. Foto: Alvaro Barrientos Haruki Murakami é um escritor japonês que atualmente mora nos Estados Unidos. Nascido em 1949, ele já ganhou mais de 15 prêmios literários e publicou mais de 25 livros, transitando entre gêneros como o romance, o conto e o ensaio. Até agora, a sua obra foi traduzida para 50 idiomas e várias de suas histórias possuem adaptação para o cinema, como o recente Drive My Car (Ryüsuke Hamaguchi, 2021), filme ganhador do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2022, baseado em um conto de mesmo título da sua autoria.   O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação é o décimo terceiro romance de Murakami e foi publicado no Japão em 2013. Os romances do autor são comumente descritos pelo uso do realismo mágico, mas esse em especial foge da característica porque exibe poucos dos traços usuais de seu estilo; seus romances geralmente mostram um vilão sem rosto, gatos que falam ou desaparecem, passagens secretas, mun...

Os personagens vis em Haruki Murakami

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Por Paula Luersen   Haruki Murakami. Foto: Nathan Bajar “Não existem pessoas más nos seus romances”. Haruki Murakami diz ter ouvido essa frase de uma de suas leitoras quando estava iniciando a carreira como escritor. Ele comenta no livro Romancista como vocação , que passou algum tempo pensando sobre a avaliação e concluiu que talvez a leitora tivesse razão: “nessa época eu estava com mais interesse em criar um mundo pessoal – harmonioso, por assim dizer – do que em compor obras muito complexas. Antes de tudo eu precisava criar e estabilizar o meu próprio mundo, uma espécie de abrigo para enfrentar o mundo real”. Sempre julguei essa elaboração de Murakami de uma honestidade reveladora. Ao externar esse tipo de reflexão sobre o que produziu como escritor, ele mostra que muito antes de partir de ditames ou de preceitos relacionadas à literatura enquanto campo de pensamento – entre eles, a histórica incumbência da representação – Murakami precisava atender a uma necessidade própria, s...

Do imponderável em Haruki Murakami: algumas considerações sobre Crônica do pássaro de corda

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Por Paula Luersen Haruki Murakami. Foto: Richard Dumas   Começo por citar uma palavra que intermeia repetidas vezes o livro Crônica do pássaro de corda , demarcada sempre em itálico: algo . De início, algo que escapa ao leitor. Mas que, desconfio, seja o que o faça, ao mesmo tempo, altamente envolvido com a trama. Algo perturba. Embora as rotinas da vida sejam apresentadas na narrativa de maneira costumeira e até mesmo trivial, algo está em ação noutra ordem das coisas. Uma ordem bem menos aparente, por certo, mas que também habita o mundo e está em franco desenrolar. Trago aqui um exemplo de como essas perturbações são dadas a ver, em meio a um diálogo: “Sozinha na escuridão, senti que algo que havia dentro de mim passou a crescer. Tive a impressão de que esse algo cresceria cada vez mais dentro do meu corpo, até me partir, como a raiz de uma árvore que cresce demais até quebrar o vaso. O que não se manifestava dentro de mim durante a luz do dia começou a crescer em uma veloci...

Haruki Murakami

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Certamente o Japão não terá tido contemporaneamente um romancista tão popular quanto Haruki Murakami. A ponto de, nos últimos anos ter sido sempre o primeiro nome a encabeçar a lista de favoritos ao Prêmio Nobel de Literatura. Nem mesmo quem leu uma só linha do escritor, sempre que nascem as especulações para o maior galardão de uma carreira literária, indica à estampa seu nome. Entre os da crítica, somam-se dois grupos: um que diz sê-lo autor de uma literatura fácil, uma espécie de Paulo Coelho com o dogma de realismo maravilhoso, e nada mais; outro que diz sê-lo o melhor da literatura oriental. Embates à parte, talvez, sim, a carreira sua tenha algum elemento extraliterário que o leve a apoteose. Sua obra está traduzida para mais de quarenta idiomas. E Murakami é ainda um escritor relativamente jovem — ele nasceu em Kyoto, no Japão, em janeiro de 1949. E não é um escritor recluso, apesar das resistências para dar entrevistas. Faz a linha da pop fiction , se pensarmo...