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Cinco poemas (e um texto de prosa poética) de James Wright

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Por Pedro Belo Clara (Seleção e versões)   James Wright. Foto: Thomas Victor   SÃO JUDAS (Saint Judas – 1959)   Quando saí para me matar, encontrei Uns arruaceiros a distribuir pancadaria. Correndo para poupar a angústia do homem, olvidei O meu nome, o meu número, como começara o dia, Como os soldados deambulavam junto à pedra do jardim, Cantando divertidas canções; como o dia inteiro Os seus dardos mediram multidões; como por mim Regateei as moedas certas e fugi, ligeiro.   Banido do paraíso, encontrei a vítima agredida, Despido, entregue ao seu choro, no chão ajoelhado. Larguei a corda, ignorei os uniformes, estuguei a passada: Então recordei o pão que a esta carne serviu de comida, O beijo que comeu a minha carne. Sem esperança, esfolado, Segurei o homem nos braços a troco de nada.     ETAPAS DUMA JORNADA RUMO A OESTE (The Branch Will Not Break – 1963)   1. Comecei no Ohio. Ainda tenho sonhos sobre a minha casa. Perto de Mansfield, cavalos enorme...

Sete poemas de James Wright em “Vamos reunir-nos junto ao rio” (1968)

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Por Pedro Belo Clara (Seleção e versões) O POEMA DE MINNEAPOLIS (Para John Logan)   1. Pergunto-me quantos velhos, no último inverno, Esfomeados, com medo do anonimato, deambularam Pela margem do Mississippi Açoitados pelo vento até cegarem, sonhando O suicídio no rio. A polícia remove os seus cadáveres ao romper do dia E entrega-os em qualquer parte. Onde? Como guarda a cidade listas dos pais Que não têm nome? Em Nicollet Island observo a água escura, Tão bela na sua quietude. Desejo aos meus irmãos boa sorte E um túmulo quente.   3. Raparigas negras e altas de Chicago Escutam canções leves. Elas sabem quando o seu suposto bem-feitor É um polícia à paisana. A palma da mão dum chui É uma barata pendurada nas presas chamuscadas Duma lâmpada eléctrica. A alma dos olhos dum chui É a eternidade duma manhã de domingo nos subúrbios De Juárez, México.   7. Quero ser levado Por um enorme pássaro branco, desconhecido da polícia, E voar bem alto por milhares de milhas e ser cu...

Oito poemas de James Wright em “O ramo não se irá quebrar” (1963)

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Por Pedro Belo Clara (Seleção e versões)   COMEÇA O OUTONO EM MARTINS FERRY, OHIO   No estádio de futebol do Liceu Shreve, Penso nos polacos tratando das suas grandes cervejas em Tiltonsville, E nos rostos cinzentos dos negros no alto-forno de Benwood, E no guarda-nocturno rebentado de Wheeling Steel, Sonhando com heróis.   Todos os pais orgulhosos têm vergonha de ir para casa. As suas mulheres cacarejam como frangos esfomeados, Morrendo por amor.   Por isso, Os seus filhos crescem suicidamente belos Nos começos de Outubro, E terrivelmente galopam contra os corpos uns dos outros.     DEITADO NUMA CAMA DE REDE NA QUINTA DE WILLIAM DUFFY EM PINE ISLAND, MINNESOTA   Por cima da minha cabeça, vejo a borboleta de bronze Dormindo no tronco negro, Agitando-se como uma folha na sombra verde. Lá em baixo, na ravina, detrás da casa vazia, Os sinos das vacas seguem-se uns aos outros Até aos longes da tarde. À minha direita, Num campo de luz, entre dois pinheir...