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Os contos de John Cheever: desejo, tragédia, redenção

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Por João Arthur Macieira John Cheever. Foto: Allen Green.     I  Desejo e literatura   Porque a literatura não é mera reprodução de sensações, mas uma experiência produtiva que acontece tanto em quem escreve como em que lê, a obra de um autor como John Cheever não está limitada ao próprio contexto cultural. A literatura também não é uma expressão essencial da subjetividade do autor, mas acontece justamente fora dela. Quando falamos de um autor como esse, é difícil não se deixar capturar pela explicação psicologizante ou biográfica do texto. Quem por acaso teve acesso aos seus diários intuirá porque toco nesse ponto: quando lemos aquelas linhas, deparamo-nos com um sujeito fragmentado, lutando para dar forma à própria subjetividade e sentido ao conjunto de sua vida. Ainda que essa seja uma marca dos personagens de Cheever e faça parte dos elementos que mobilizam suas narrativas, mas não de seu narrador. Seus diários parecem com uma tentativa angustiada de compreender ...

John Cheever

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Por Javier Morales Ortiz “Não dissimular nada, nem ocultar, escrever sobre as coisas mais próximas da nossa dor, a nossa felicidade; escrever sobre a minha falta de jeito com o sexo, o sofrimento de Tântalo, a magnitude de meu desalento – acreditar entrevê-lo em sonhos –, meu desespero. Escrever sobre os néscios sofrimentos da angústia, a renovação de nossas forças quando outras acabam; escrever sobre a penosa busca do eu, ameaçado por um estranho em vigília, um rosto apenas entrevisto pela janela de um trem; escrever sobre os continentes e o que povoa nossos sonhos, sobre o amor e a morte, o bem e o mal, o fim do mundo” (John Cheever) A leitura é um belo diálogo com o presente e com o passado, com escritores que morreram há anos e com outros que compartilham conosco o confuso momento que temos vivido. Acumulamos leituras, incorporamos novos autores à nossa família literária, relevamos outros, nunca totalmente. Além de outras coisas, somos o que já lemos, o que...