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Inferno provisório, de Luiz Ruffato

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Por Pedro Fernandes Uma das características definidoras do bom escritor é sua capacidade crítica para com sua própria obra. Na medida certa ela significa um zelo com a língua e o leitor. Mas, a revisão repetitiva e contínua de uma obra é um agravo. Demonstra não só insegurança para com o seu projeto literário como um interesse pela submissão do leitor a uma obsessão da qual, raras exceções, a do estudioso da obra, por exemplo, ele não tem interesse em compartilhar. Ainda bem que não podemos inserir Luiz Ruffato nessa última lista, porque com Inferno provisório – assim como foi com De mim já nem se lembra – é, nas palavras do autor, a obra definitiva que começou a ser gestada em 1998 com a apresentação de Histórias de remorsos e rancores e findou quase uma década depois com Domingos sem Deus . No intervalo entre os dois títulos escreveu Mamma, son tanto felice , O mundo inimigo , Vista parcial da noite e O livro das impossibilidades . Em geral as histórias desse cicl...

De mim já nem se lembra, de Luiz Ruffato

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Por Pedro Fernandes Há na literatura contemporânea uma diversidade de formas, estéticas, vozes e temas cuja natureza produz no leitor mais afeito à compreensão de que as obras estejam sempre tomadas por uma estética pura e simples, dotada de características determinadas se pergunte em qual escola poderíamos filiar este ou aquele escritor. Essa não é uma reflexão vazia; ela nasce de uma convenção formada naturalmente quando se estuda literatura no Ensino Médio, quando os professores muitas vezes reduzem a leitura ao deslindar de escolas literárias e esquecem ora do contínuo exercício de escritores (e mesmo outros leitores) contra a fixidez que um dia já serviu à definição das obras literárias. Também é isso um reflexo da presença e da força da história na sedimentação da compreensão sobre nossa realidade e o imperativo do didatismo com o qual tem-se reduzido as questões mais complexas. Essa diversidade muitas vezes é recorrente mesmo no conjunto da obra de um mesmo escr...

Luiz Rufatto

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Luiz Ruffato é mineiro; nasceu em Cataguases, em 1961. Graduou-se em Comunicação pela Universidade de Juiz de Fora, e durante esse período começou a colaborar com diversos jornais. Mudou-se para São Paulo na década de 1990 e foi trabalhar no Jornal da Tarde , carreira que abandonaria em 2003 para se dedicar integralmente à atividade de escritor. Seu primeiro título, entretanto, não vem dessa época do jornal, nem de quando decide abandonar as atividades na imprensa. Histórias de remorsos e rancores  é de 1998 e trata-se de uma coletânea de contos. São sete textos que giram em torno de um mesmo grupo de personagens habitantes do beco Zé Pinto, situado na cidade onde nasceu. Já aqui, Ruffato apresenta qual seria seu interesse como escritor: apresentar uma realidade das margens. As figuras desse livro de contos são subempregados, ex-prostitutas. Em 2000, publicou mais um livro de contos que recebeu menção do Prêmio Casa de Las Américas no ano seguinte. Em Os sobreviventes , Ruffa...