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Andorinha, andorinha, de Manuel Bandeira

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Por Pedro Fernandes Há escritores que sempre se revelam como uma surpresa constante para os leitores, sobretudo quando demonstram uma impressionante versatilidade na prática da escrita; isto é, quando um escritor não é bom apenas com um gênero ou tipo textual, ainda que se destaque com um e seja sempre, quando lembrado, lembrado por ele. Há uma variedade incrível desses nomes, ora porque usam da diversidade de textos para construir seus experimentos de linguagem até alcançar a forma que lhe parece adequada, ora porque, tomado pela necessidade da expressão escritural não hesitam sossegar numa única posição, ainda mais quando essa necessidade se encontra abalada pelo sopro da impossibilidade de realizar-se em sua plenitude. Na cena literária brasileira, o leitor pode citar facilmente nomes como o de Carlos Drummond de Andrade que, além de reconhecido pela crítica e pelo público como uma das melhores vozes da nossa poesia, também se dedicou e muito ao exercício da crônica. ...

Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Mário Quintana: reencontros

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Já tem mais de um mês que dei com algumas novidades muito boas que as editoras estão trazendo para a literatura nacional. A surpresa de entrar numa livraria e encontrar livros que, já tem algum tempo que só resistia nas estantes dos sebos e alguns nem mesmo aí encontrávamos se confunde com a preocupação que tenho enquanto professor de literatura que assiste ao desencantamento ou distanciamento do público para com a leitura de obras de qualidade. Há, evidente, muitos fatores negativos que estão entre o leitor e o livro, mas acho que o mais grave deles é quando falta o segundo elemento, afinal, não há leitor se não há livro. E tem algum tempo que a ideia de lucro tem falado mais alto e as editoras têm se preocupado e tanto com a fabricação de Best-Sellers, relegando o trabalho árduo da boa literatura às editoras de fundo de quintal, sem expressividade quantitativa frente à ordem tresloucada do capital. Da surpresa que tive nas livrarias, esta se refere ao trabalho de reedição de Mario...

Manuel Bandeira

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Auto-retrato Provinciano que nunca soube Escolher bem uma gravata; Pernambucano a quem repugna A faca do pernambucano; Poeta ruim que na arte da prosa Envelheceu na infância da arte, E até mesmo escrevendo crônicas Ficou cronista de província; Arquiteto falhado, músico Falhado (engoliu um dia Um piano, mas o teclado Ficou de fora); sem família, Religião ou filosofia; Mal tendo a inquietação de espírito Que vem do sobrenatural, E em matéria de profissão Um tísico profissional. É quase impossível negar que não conheça a expressão Vou-me embora pra Pasárgada . Ela está entre outras do gênero, como E agora, José? Talvez isso fosse o suficiente para dizer da consagração de Manuel Bandeira. Mas não é. Assim como também não é apenas relembrá-lo como uma das figuras mais importantes no interior do Modernismo brasileiro. É  preciso dizer, entretanto, antecipadamente, que aquela expressão vale por toda obra do poeta porque foi esta, título de um poema, que lhe v...