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A ausência, de Peter Handke

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Por Pedro Fernandes Peter Handke. Foto: Franck Ferville   A convencionada literatura de invenção, constituída das alternativas de fuga dos protocolos realistas, alberga uma lista de criadores que, centrados na dinâmica da linguagem e da enunciação, almejam quase sempre justificar seus objetos não como extensões dialogantes com o mundo exterior, mas mundos autênticos. Uma dessas maneiras criativas é a de se apropriar de recursos possíveis noutras expressões que lidam com a mimesis, tais como o teatro e o cinema. No caso do Peter Handke autor de A ausência , romance que se situa entre os últimos da sua primeira fase literária, o que verificamos é o contínuo exercício de adiamento do enredo e o acurado interesse pela imagem, duas técnicas, podemos assim dizer, derivadas dos modos ficcionais dramáticos. O resultado é uma sintaxe narrativa bastante específica voltada não para o interesse de contar uma história mas propor histórias possíveis.   Se comumente se associa um recur...

O entardecer de Peter Handke

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Por Miguel Morey “A terra nata está tomada pelos inimigos, desde sempre.” Peter Handke, Am Felsfenster morgens , 1998 1 Entre as características que inevitavelmente se destacam quando Peter Handke é apresentado ao público, ocupa o primeiro lugar sua vocação precoce como escritor, com igual ênfase nos dois aspectos. Assim, ele enfatiza tanto sua juventude incomum quanto a obstinação de sua vocação literária. Sua aparição pública como escritor, ele começa, data de quando tinha dezesseis anos; depois ele fala sobre sua estreia no ano 1966, com manifestações literárias diversas, incluindo um romance ( Die Hornissen ) e uma peça de teatro ( Der Jasager und der Neinsager ), e finda comentando sua intervenção inovadora no Congresso do Grupo 47, realizado naquele ano em Baltimore. O incidente é contado de várias maneiras, ainda que o clichê finde sendo o mesmo, o de um confronto com a velha guarda da literatura alemã e um desafio à literatura politizada e à fi...