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Sinfonia Ilitch II

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Por Michele Soares Eu vos pergunto: Qual é o peso da luz? — Clarice Lispector Iliá Répin. Lev Tolstói em uma poltrona rosa, 1909. Tolstoy Museum.   Uma vez tendo em mente os movimentos gerais de A Morte de Ivan Ilitch e da Sexta Sinfonia, segundo apresentados na parte I deste ensaio, o estabelecimento dos pontos de contato entre ambas as obras se torna menos árduo e mais plausível. Se houve quem observasse e cotejasse trechos específicos da novela com a sinfonia, buscando ver em uma a transcrição exata da outra — a novela na sinfonia, no caso, já que a obra de Tolstói é anterior —, a despeito de Tchaikovsky e Tolstói terem se conhecido pessoalmente e de Tchaikovsky ter lido A Morte de Ivan Ilitch , acredito que, para os fins da nossa análise, é mais prolífico voltar o olhar sobre as constatações as quais chegaram ambos, Tolstói na literatura e Tchaikovsky na música, do que estabelecer influências e correlações exatas, no miúdo dos detalhes, entre uma e outra obra. Quando eu o...

Sinfonia Ilitch I

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Por Michele Soares   Na avenida, dura até o fim — Elza Soares Nikolai Dmitrievich Kuznetsov. Piotr Ilitch Tchaikovsky. Óleo sobre tela, 1893.   “Esta noite um gato chorou tanto que tive uma das mais profundas compaixões pelo que é vivo. Parecia dor, e, em nossos termos humanos e animais, era. Mas seria dor, ou era ‘ir’, ‘ir para’? Pois o que é vivo vai para”. O texto que o leitor acaba de ler é uma crônica de Clarice Lispector, cujo título é “Ir para”. Publicada em 16 de setembro de 1967, na coluna que a autora mantinha no Jornal do Brasil , li a crônica de Clarice pela primeira vez no alto dos meus dezesseis anos. Como é natural de um olhar menos disciplinado, ainda fresco para a literatura — e, quem sabe, por isso mesmo tão mais sincero —, eu senti a força do impacto das suas palavras, antes de buscar entender o que elas significavam.   Hoje, anos depois, é sem hesitar que afirmo como ainda não alcancei conclusão alguma, não tenho sequer uma hipótese. Mesmo assim, quan...