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RECONHECIMENTO

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Por Pedro Fernandes Ontem, 15 de outubro, foi dia dos professores. Alguém já terá dito que uma coisa que tem dia para ser lembrada é porque esta coisa não é tão bem quista quanto deveria. Prefiro ir nesta direção, mas prefiro também dilatar essa visão. Quando se há um dia para lembrar de alguém ou alguma coisa e estes não são bem quistos, este dia, serve-nos não apenas para exaltações afetivas, que será uma forma de imprimir destaque ao não-quisto, mas aponta para a necessidade de se repensar o sentido do alguém ou do alguma coisa lembrados. Então, ainda no território das preferências, eu prefiro ir pela ideia de repensar. E foi isto o que propus quando redigi uma mensagem resposta aos vários comentários e às várias fotomensagens que companheiros de profissão e alunos decidiram, cada qual do seu jeito carinhoso de ser, homenagear. A mensagem foi publicada na minha página no Facebook e é o teor dela que quero repetir por aqui, porque como reza as diretrizes deste espaço, ...

Onde iremos parar

Por Pedro Fernandes Finalmente chegamos a 2012. E o ano letivo nas escolas públicas do estado do Rio Grande do Norte está prestes a se iniciar com mais uma greve de professores. A de número não-sei-quanto. Que a educação nunca foi meta de nenhum governo neste país, sabemos. Mas, no Rio Grande do Norte, aquilo que marca o mínimo esforço do estado para com ela não é cumprido. E não é de hoje. A crise por aqui se instala ainda há doze ou dez anos e vem se arrastando desde então. Diria que o caos é mesmo insolúvel. O atual governo assumindo uma proposta mirabolante de reconstrução da máquina administrativa, o que tem feito, somente, é poupar dinheiro para empregar não sei onde. E as duas desculpas esfarrapadas que se espalha aos quatro ventos são de que: não tem dinheiro suficiente para n coisas ou que o estado ainda cambaleia para cumprir os rombos deixados pela antiga administração. Disparate! No plano do sistema educacional, o que se alardeia é informatizá-lo. É um passo ...

Diário pedagógico: a estrutura

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Por Pedro Fernandes A Escola Municipal foi fundada em 1985. Registra-se que a última reforma foi feita em 1996. Das impressões do primeiro dia de aula a que mais marcou depois daquela da aluna de rosto inerte registrada no texto anterior foi certamente a estrutura da escola.  Quando escrevi no artigo "Um genocídio outro, um genocídio" (O estado da máquina de manter os índices péssimos da educação pública) disse que existiam escolas que funcionavam como verdadeiras máquinas de matar gente. Exagerei na imagem quando inteirei que esses espaços funcionam como campos de concentração. Mas, a escola pública brasileira tem atuado gradualmente em duas frentes: a da deformação dos seus estudantes e o assoreamento da carreira dos seus professores. A imagem utilizada é péssima e fora de tom, agora o que ela significa encontra matéria no que professores e estudantes presencial. E digo porque sei de estruturas ainda piores do que a escola onde trabalhei. Essas péssimas estruturas das q...

Diário pedagógico: o primeiro dia aula, constatações

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Por Pedro Fernandes Perguntei: What is your name? E o que dominou foi o silêncio. A aluna sentada no canto da sala, olhava para mim com o rosto nu de expressões. O ano letivo ficou acordado na reunião pedagógica para dar início em 02 de março de 2009. 02 de março de 2009 viajei novamente ao município. A distância de aproximadamente 45 km da capital me permite em 1h30 de viagem estar no local de trabalho. Cheguei à escola às pressas. Mochila com planos de aula, livros e anotações para o que seria meu primeiro dia de aula numa escola que, como fiquei sabendo na reunião pedagógica, os alunos em sua maioria são quase ou são analfabetos e que os índices de evasão gritam. Esqueci de dizer no texto passado, quando falei desses índices, dos números de uma turma de 6º ano, mas aproveitando que toco novamente no assunto, falo agora: nesta turma de 6º ano, disseram-me, em 2008 havia 65 alunos e o ano letivo findou na média de 8 a 10 alunos apenas. Pois bem, cheguei com esses e outros...

Diário pedagógico: a equipe

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Por Pedro Fernandes Na sala que estive do 9º ano, estava na parede:  A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, X, W, Y, Z. Fui introduzido na reunião em 18 de fevereiro de 2009, quando do último dia do que a Secretaria de Educação do Município chamou de Semana Pedagógica. Não revelarei nesta série, pelo menos a princípio, os nomes dos locais e das pessoas envolvidas nos fatos. Se estou tornando uma realidade à vista alheia, acho que me resta um pouco de ética em preservar esses nomes, ainda que isso se trate de um esboço de relato-denúncia. Basta que o leitor saiba que as ações as quais me refiro neste e noutros textos desta série decorrem na única escola da zona urbana de um município que está a 45 Km, aproximadamente, da capital do Rio Grande do Norte. Apresentados os lugares, voltemos à reunião de 18 de fevereiro de 2009. Não sei quais os objetivos a que se prestavam os que ali estavam reunidos, mas pelo correr das discussões não demorei mu...

Diário pedagógico: a apresentação

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Por Pedro Fernandes No dia 25 de março de 2009, o jornal Correio da Tarde publicou na segunda página, na sessão artigos, um texto meu intitulado " Um genocídio outro, um genocídio só"¹ . Esta inserção de opinião expunha as condições que professores da rede pública de ensino enfrentam diariamente ao mesmo tempo em que apresentava uma crítica aos destinos traçados pelas forças maiores, o país, estados e municípios, têm feito: como o uso da força a fim de barrar os movimentos de professores que ano após ano tem lutado em prol de melhores condições salariais e de trabalho.  No texto para o Correio da Tarde  também indiretamente desconstruí ou reconstruí uma imagem que havia feito do professor noutro artigo publicado em 15 de outubro de 2008 no mesmo jornal e replicado na  Tribuna do Norte . Em " Escritores da liberdade" , havia dito que o professor é uma espécie de super-herói, uma imagem da qual me apossei e reapropriei para o nome de deus ; isto é, antes de ser um he...