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Cora Coralina

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Conclusões de Aninha Estavam ali parados. Marido e mulher. Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça tímida, humilde, sofrida. Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho, e tudo que tinha dentro. Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar novo rancho e comprar suas pobrezinhas. O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, entregou sem palavra. A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou, se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar E não abriu a bolsa. Qual dos dois ajudou mais? Donde se infere que o homem ajuda sem participar e a mulher participa sem ajudar. Da mesma forma aquela sentença: "A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar." Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada, o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso e ensinar a paciência do pescador. Você faria isso, Leitor? Antes que tudo isso se fizesse o desvalido não m...

Dossiê James Joyce: Ulysses, histórias de uma história

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A história da publicação de Ulysses é em si mesma uma aventura fascinante. Depois de demorar sete anos para escrevê-lo, Joyce enfrentou complicação no processo que vai da edição à distribuição. Em parte, houve as circunstâncias que lhe escaparam do controle, mas em parte ele se entregou à compulsão de reescrever até o último instante antes da impressão; não resistiu ao convite da limpeza tipográfica das provas, que revelava o romance com um distanciamento que o manuscrito não proporcionava.  A caligrafia de Joyce nem sempre era clara, a linguagem literária sem dúvida era incompreensível para os tipógrafos, e no vaivém o resultado foi uma edição com erros tipográficos. Os erros permaneceram nas edições subseqüentes. Só foram corrigidas na quarta edição da editora Odyssey Press, em 1932, com a ajuda de Stuart Gilbert, estudioso, tradutor e amigo de Joyce. Esta edição foi tida por muito tempo como a melhor. Em 1977, porém, o neto e herdeiro de Joyce, Stephen Joyce...

Vida e obra de Giosuè Carducci

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Por Paul Renucci Se há poetas cuja obra pode ser apreciada sem nenhuma referência a fatos biográficos ou a acontecimentos históricos de sua época, Giosuà Carducci não é um deles. Sempre solicitado pelos acontecimentos do dia ou pelo incidente pessoal, mais inclinado à polêmica do que ao recolhimento sereno, não se esquivando, quando é o caso, de compensar a rapidez da meditação pelo trovão da linguagem, Carducci responde bem à imagem de “eco sonoro”, de um eco posto no centro de um século singularmente rico em acontecimentos. Não se deveria esquecer ainda que este poeta foi um professor e não o foi apenas de maneira acidental ou acessória como num Mallarmé; ensinou sem interrupção durante quase meio século, antes em estabelecimentos secundários (San Miniato al Tedesco, Pistóia) depois, desde a idade de vinte e cinco anos, na Faculdade de Letras de Bolonha, que ele não deveria mais abandonar. Sabe-se que foi mestre ativo, ouvido, que sua produção crítica teve repercussão...

José Paulo Paes

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O poeta José Paulo Paes. Foto: Jornal do Brasil. “Pode-se ler a poesia de José Paulo Paes, breve e aguda a cada lance em sua tendência constante ao epigrama, como se formasse um só cancioneiro da vida toda de um homem que respondeu com poemas aos apelos do mundo e de sua existência interior”. (Davi Arrigucci Jr.) José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga, São Paulo, a 22 de julho de 1926 e faleceu a 9 de outubro de 1998, na capital paulista, onde fez parte importante da sua vida. Poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta. Toda essa vida dedicada à literatura foi dividida com outra área, muito distinta. Tendo estudado Química Industrial entre 1945 e 1948, em Curitiba, passou a trabalhar num laboratório farmacêutico. Ainda nos tempos de aluno na capital paranaense colaborou com a revista dirigida por Dalton Trevisan,  Joaquim , e publicou seu primeiro livro,  O aluno , fortemente influenciado pela poesia de Carlos Drummond de Andrade. a poesia está mor...