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Visitas ao universo literário de Pepetela

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Pepetela. Foto: Beto Figueiroa A obra de Pepetela é, do seu país, certamente uma das obras melhor consolidada e mais significativa. A afirmativa tem a ver com a quantidade significativa de livros publicados e mais que isso, a qualidade inconteste referendada pela crítica literária em vários cantos da língua portuguesa. Depois de José Craveirinha, o escritor angolano foi o segundo a receber o prestigiado Prêmio Camões, em 1997. Nesse período, sua obra começa a ganhar novos contornos: permanece o interesse original pela história de Angola, mas agora se volta para discutir questões sobre uma sociedade pós-colonial maculada pela variedade de problemas decorrentes dos tempos que esteve sob jugo do colonizador.   Pepetela nasceu a 29 de outubro de 1941, em Benguela. É descendente de uma família de portugueses que migraram para África nos idos anos quando muitos buscaram nas colônias um meio de sustento. Fez os primeiros estudos ainda na cidade natal; depois, no ensino secundário foi para...

A eternidade de um enigma

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Quem acompanha a TV aberta já sabe que uma das mais enigmáticas personagens da literatura brasileira estará numa versão que estreou ontem, dia 9 de dezembro, na TV Globo. É Capitu, personagem que integra uma adaptação de Dom Casmurro , romance de Machado de Assis.  A série é dirigida  por Luiz Fernando de Carvalho e está organizada em cinco capítulos e conta com nomes como da atriz Maria Fernanda Cândido que fará Capitu quando adulta, já casada com Bento. A adaptação utiliza-se como título o nome da personagem feminina mais importante para o romance. Capitu divide o amor infantil (e depois obsessivo) de Bento. Tornou-se peça-chave de um enigma: o da traição ou não com o amigo em comum ao casal, Escobar.  Capitu , a série, homenageia o centenário de morte de Machado de Assis. Adaptada por Euclydes Marinho e com texto final do próprio diretor, o enredo é ocupado em dois terços pela juventude do casal, ganhando o mesmo destaque que tem no livro. E, embora o amor dos meni...

A menina que roubava livros, de Markus Zusak

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Por Maria das Graças Targino Liesel Meminger enfrenta a morte cara a cara três vezes. Sobrevive de cara lavada. De tão impressionada, a Dona Morte, ela mesma, decide contar a história da menina, que se habituou, desde cedo, a roubar livros, como forma de prosseguir a viver e a sonhar em meio a mil palavras perdidas. A morte fala, e porque fala de mansinho, a princípio, não encanta. O livro tão festejado – A menina que roubava livros ( The book thief ) – tem começo enfadonho e desestimulador. Até para quem devora livros, a tentação de não prosseguir é grande. Mas, não leva muito tempo. Logo, é impossível largar a história de Liesel. É uma rua pobre de uma área pobre de uma Molching pobre, cidade próxima a Munique. É o período entre 1939 a 1943. Vê seu irmão morrer no colo da mãe, aos seis anos. Vê seu irmão descansar num cemitério frio. Vê um livro deixado ao léu pelo coveiro apressado. Aos nove anos, com olhos assustados e com o primeiro livro roubado, oculto entre suas bugi...

Arthur Azevedo, um centenário à sombra

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Por Pedro Fernandes Passaria despercebido se não fosse meu faro a estas coisas de literatura. Revirando a rede, me deparo com um texto do professor e pesquisador de Literatura Brasileira, Mauro Rosso, publicado num portal de literatura, que no título indagava: “Por que esquecer deste centenário?”. De início achei que se tratasse de mais um dos muitos artigos que têm sido publicados a galope nesse ano do centenário de Machado de Assis. Mas quando o li, para minha surpresa, não se tratava nada de Machado, mas de um escritor chamado Arthur Azevedo. Nessa hora fiz o que faço quando me coloco diante de um escritor desconhecido. Pesquisar sobre. Seja na rede, seja nos livros. O Arthur Azevedo não só para mim, mas para muitos, ainda permanece desconhecido. Não o encontrei com muita freqüência na rede. Tampouco nos livros de literatura. Mas aí está o desafio: acho que as leituras que fiz acerca dele desde o dia que o descobri me são suficientes para traçar algumas linhas, ainda que ...

Exposição José Saramago: a consistência dos sonhos

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José Saramago está de passagem pelo Brasil. O escritor veio para a apresentação de seu novo romance, A viagem do elefante . A ocasião é marcada por outra leva de homenagens; Saramago é, depois de Fernando Pessoa e Eça de Queirós, o escritor mais lido por aqui. Entre as atividades de sua agenda, que inclui conferências, entrevistas e uma sabatina pelo jornal Folha de São Paulo , está a abertura da exposição José Saramago: a consistência dos sonhos , que depois de Portugal alcança o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Com curadoria de Fernando Gómez Aguilera, diretor da Fundação César Manrique, a exposição dedicada ao Prêmio Nobel de Literatura analisa obra e vida do escritor tanto da perspectiva de sua transcendência no mundo da literatura universal como de sua dimensão sociopolítica. Concebida por ocasião do 85º aniversário do autor de Ensaio sobre a cegueira , a mostra é resultado de dois anos de intenso trabalho de investigação, não apenas desde o momento do reconheciment...

Touro Indomável, de Martin Scorsese

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A longa e sangrenta decadência de um lutador de boxe cuja alma é torturada pelo ciúme e pela brutalidade Martin Scorsese não vivia seus melhores dias quando resolveu fazer Touro Indomável. Seu filme anterior ( New York, New York , de 1977) havia sido um fracasso de público e crítica, ele vinha sofrendo com o vício em cocaína e ainda passava por problemas no casamento com Isabella Rossellini - culpa, dizem, do temperamento explosivo e inconstante dele. Quem  lhe ofereceu a ideia de filmar a história do boxeador Jake LaMotta foi o amigo e parceiro Robert De Niro, que via no ex-campeão muito da personalidade de Scorcese. A princípio o cineasta recusou o projeto, mas acabou cedendo, com a ideia de que este seria seu último trabalho no cinema. Mais tarde, o diretor disse que De Niro salvaria sua vida ao lhe tirar das drogas. A história foi adaptada da autobiografia de LaMotta (De Niro), que narra a saga do campeão invicto de pesos-médios na década de 1940 e sua decadência d...