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Duas notas entre o geral e o particular

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Por Pedro Fernandes Oscar 2009 As principais premiações cinema em 2009 parecem inaugurar novos rumos para os filmes produzidos em Hollywood. O favoritismo da mega produção de O curioso caso de Benjamin Button , de David Fincher, desbancado pela simplicidade da produção de Quem quer ser um milionário , de Denny Boyle, reflete várias questões na indústria do cinema. Uma, parece ser a respeito do modo de fazer cinema, apesar de que essa questão que vou apontar ser uma tônica noutras premiações da Academia: não é necessário ser dono de uma gorda conta para se produzir bons filmes. E, outra, que está para além da forma de fazer cinema, que é o reconhecimento, enfim, da real maior indústria cinematográfica do mundo - a indiana. Reconhecimento ou provocação. Fica a critério de quem julgar. E, em linhas gerais, e talvez seja este o fator verdadeiro: o interesse hollywoodiano de expandir para além das fronteiras a que sempre esteve preso. Afinal de contas, o Oscar 2009 agraciou mais aos que...

o tempo

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Patrick Proktor. Matamos o tempo e o tempo nos enterra. (Machado de Assis) martelava o tempo tique-taque tique-taque tique-taque enxerguei-me escravo do tempo tique-taque tique-taque tique-taque quase tive um ataque! tique-taque tique-taque tique-taque matamos o tempo tique-taque tique-taque tique-taque o tempo nos enterra tique-taque tique-taque tique- taque tique-taque tique-taque * Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outros poemas de Pedro Fernandes.

A eternidade de um enigma (notinhas)

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Por Pedro Fernandes Cena de Capitu . 1. Hoje, depois de ir a livraria tive contato com um belíssimo trabalho impresso. É um catálogo de imagens da minissérie Capitu , do mesmo diretor de Os Maias e A pedra do reino , Luiz Fernando de Carvalho, também feita para a TV Globo. Estão lá sua metodologia de trabalho que inclui uma imersão dos atores e técnicos nas obras literárias. 2.   O livro é dividido em duas partes, e se apresenta o processo de preparação dos atores e a história filmada de um dos maiores clássicos da literatura brasileira, Dom Casmurro , também vem regado de imagens com tratamento especial da fotografia típica do seriado . 3.  Durante dois meses os atores e a equipe técnica se reuniram semanalmente e assistiram palestras sobre a obra de Machado de Assis - Sergio Paulo Rouanet, Daniel Piza, Maria Rita Kehl, Luiz Alberto Pinheiro de Freitas, Carlos Byington, Edmilson Martins Rodrigues e Gustavo Bernardo. Os textos dessas palestras é o que compõe a prime...

Holocausto

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Por Pedro Fernandes O vocábulo holocausto só entrou para o léxico da língua portuguesa por volta do século XIV - conforme o Aurélio veio do grego holókauston , sacrifício em que a vítima era queimada inteira, pelo latim, holocaustu . Entretanto, seu sentido original permanece apenas como registro, porque depois do genocídio dos judeus empreendido pelo regime nazista de Adolf Hitler, no decorrer da Segunda Guerra Mundial, tornou-se espécie de nome próprio para tal fato. Mas, já em referência a massacres a palavra fora utilizada por Winston Churchill quando num discurso seu em que descrevia o assassinato de cerca de um milhão de armênios pelo governo turco. Noutro entretanto, a inédita escala de extermínio de judeus pelos nazistas, em que o número extrapola à casa de milhões de pessoas, exigiu um nome específico, um nome próprio - com iniciais maiúsculas, como sentido do caráter único de tamanha barbárie, afinal, se o número de judeus vai a casa dos milhões mais haverá de ir se...

Bocage

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Meu ser evaporei na lida insana Do tropel das paixões que me arrastava, Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim, quase imortal, a essência humana.   De que inúmeros sóis a mente ufana A existência falaz me não doirava! Mas eis sucumbe a Natureza escrava Ao mal, que a vida em sua origem dana.   Prazeres, sócios meus e meus tiranos! Esta alma que sedenta em si não coube, No abismo vos sumiu dos desenganos.   Deus... ó Deus! quando a morte à luz me roube, Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube!   Estes versos tão conhecidos na literatura de língua portuguesa, assente nos vários livros didáticos brasileiros, são versos do poeta português Manuel Maria Barbosa Du Bocage. Tido pela crítica como um dos maiores poetas do Arcadismo em Portugal, movimento que se inicia quando da fundação da Arcádia Lusitana, em 1756.   Bocage é nascido em Setúbal no ano de 1765. E morreu na capital lusitana, Lisboa, em 1805. Filho de intelectuais po...

A carroça, o bonde e o poeta modernista

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Por Pedro Fernandes (Anotações sobre  “ A carroça, o bonde e o poeta modernista ” , de Roberto Schwarz) 1. No ensaio  “ A carroça, o bonde e o poeta modernista ” , Roberto Schwarz discute a partir da poética de Oswald de Andrade – mais especificamente o poema oswaldino  “ Pobre alimária ”   – acerca do poeta e da poesia modernista no Brasil. Alude o autor à conciliação de três elementos característicos na poesia de Oswald: uma fórmula fácil e eficaz para ver o Brasil pelas janelas do poema; o ser poeta sem o esteticismo apregoado pelos poetas doutras escolas literárias semelhante ao modo leninista de fazer política – “o Estado uma vez revolucionado, se poderia administrar com os conhecimentos de uma cozinheira”; o uso de um reduzido vocabulário – reduzido, no sentido de ser comum a todos – o qual Schwarz compara à poética de Bertolt Brecht que se dispunha a redução vocabular do Basic English .  2. Para o autor, somam a isso na poesia de Oswald, uma fórmula de d...