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Quem quer ser um milionário?, de Danny Boyle

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Por Pedro Fernandes Quem quer ser um milionário?  é já descrito como a surpresa do Oscar 2009 por se colocar à frente de O   c urioso caso de Benjamin Button . Bem, como não sou bom entendedor de cinema (e não sou bom entendedor de nada), o julgamento ou o parecer crítico (o leitor que julgue o que achar necessário) que faço sobre o filme é meramente um composto de notas do senso comum, de que alguém que diz gostar de cinema o tanto/quase como gosta de literatura. (O leitor não especializado também poderá se sentir do meu lado ao ler meu posicionamento acerca do filme, porque meu julgamento não é o de uma crítica especializada e por um lado tem orgulho de ser assim, porque se for para se prestar ao papel de algumas críticas que circulam por jornais, revistas e endereços da rede, me perdoe, da expressão, não valem mais que um julgamento do senso comum. Isso porque não gosto da opinião crítica que se coloca superior ao objeto de arte, e que descaradamente ...

Adultecimentos

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Talvez das escusas de meu corpo Pelas frinchas da alma Ainda ingênua de amar Deixei-te escapar Fria e nua na calma da noite Fomos, ela e eu, em dormidas Cabeceira-pés, pés-cabeceira Rodopiando por entre astros, os céus Em brincadeiras ativas, curiosas Que o corpo já adultescendo reclama Tocando o que existe para ser tocado Por entre os lençóis Em mim ficaram inapagáveis lembranças Daqui estou a vê-la deslizando nua No espelho da memória No corpo das palavras Num mover-se erótico Debaixo do lençol. Daqui estou a ver Encobertos pela noite, às escusas, Uma exploração tátil dos nossos corpos No corpo das palavras sussurrantes Ou mesmo no silêncio da respiração ofegante Uma vivacidade de almas palpitantes Aceleradas na caixa do peito E dormíamos como anjos Em falso sono adultecíamos. * Este poema foi publicado inicialmente em Jornal Trabuco , ano II, n. 3. jan. fev. março de 2009. Acesse  o e-book  Palavras de pedra e cal  e leia outr...

... E o Vento Levou, de Victor Fleming

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O exemplo mais bem acabado do sistema clássico de produção dominado pelos estúdios de Hollywood Catorze indicações ao Oscar, dez prêmios conquistados, a maior bilheteria de todos os tempos em termos relativos (se atualizarmos os valores) e exibições anuais na televisão. Hoje ninguém duvida da importância e da dimensão de ... E o Vento Levou , mas nem sempre foi assim. A mistura de épico e melodrama recheada com amor, tapas e beijos entre Scarlett O'harra (Vivien Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable) é mérito do megalomaníaco produtor David O. Selznick. O chefão da Metro-Goldwin-Mayer (MGM) comprou os direitos do romance homônimo de Margaret Mitchell antes mesmo de ser lançado. E o sucesso do filme ajudou a transformar o livro num fenômeno editorial: durante muito tempo, foi a obra mais vendida do mundo depois da Bíblia.  Devido à grandiosidade da produção, ninguém, a não ser Selznick, acreditava no potencial mercadológico do projeto. Gary Cooper, ao se recusar a viver Rhe...

Obra imatura, de Mário de Andrade

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Por Pedro Fernandes Mário de Andrade se dedicou à ficção (em suas mais variadas formas), à poesia, à crítica de arte, à música, e à pesquisa sobre manifestações da cultura popular brasileira; autor de vasta obra e nome dos mais importantes para o Modernismo no Brasil, o escritor morreu em 1945 e deixou-nos mais de vinte livros, alguns deles já clássicos, como Paulicéia desvairada ,  Macunaíma e Amar, verbo intransitivo . O que os leitores de sua obra davam por falta é da edição  Obra imatura  que foi relançado agora em fevereiro pela Editora Agir; esse título reúne três obras essenciais para entender parte das múltiplas faces de Mário:  Há uma gota de sangue em cada poema , o primeiro livro do autor, publicado em 1917 e que apresenta treze poemas; Primeiro andar , uma seleção de contos escritos entre 1914 e 1922; e o ensaio A escrava que não é Isaura , que mostra o pensador e estudioso das vanguardas, ainda que não tenha sido um privilegiado como foram...

A terceira edição do Jornal Trabuco

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Acontece na sexta-feira, dia 13 de março de 2009, na Faculdade de Letras e Artes (FALA), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), a apresentação do terceiro número do Trabuco ; o jornal é produzido pelos alunos do curso de Letras. A partir da quarta edição, o jornal trará um caderno dedicado somente à poesia. A idéia já tem nome: Sarau, uma das colunas do atual Trabuco. Por aqui irei postar mais sobre em posts posteriores. Aguardemos. Para conhecer o blog do jornal clique aqui

José Luandino Vieira, a revolução é uma maneira de estar no mundo

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José Luandino Vieira.   “A Literatura se alimenta de Literatura. Ninguém pode chegar a escritor se não foi um grande leitor.”   A afirmativa que poderia sair de qualquer escritor aparece numa entrevista de José Luandino Vieira realizada por Joelma G. dos Santos e publicada na edição 21 da Revista Investigações , do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco. No caso do escritor, trata-se de uma expressão importante, uma vez que, noutra passagem desse referido diálogo ele afirma que sua obra se baseia a partir da sua experiência e das leituras, sendo que a primeira foi obtida em grande parte da segunda.   Seja como for, para ele a memória guarda importância singular para a feitura de sua literatura. Diz noutra entrevista, agora para o jornal O Globo , de 17 de novembro de 2007: “Minha ficção sempre se alimentou da memória. É do que se inscreveu na memória que retiro o material que submeto a todos os maus-tratos possíveis até perceber se é vá...