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Camões, cantor de seu povo e voz de seu tempo

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Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta Camões lê Os Lusíadas . António Carneiro Será difícil encontrar, em toda a história da literatura em língua portuguesa, um poeta tão magistral quanto Camões. Para que possamos conhecer melhor sua obra, preparamos esse dossiê dividido em duas partes. Veremos, em primeiro lugar, o que a crítica denomina poesia épica e, na sequência, seus poemas líricos. Camões não foi o primeiro poeta a ter a ideia de escrever um poema épico sobre a expansão portuguesa – o humanista italiano Angelo Policiano já se havia oferecido a D João II para fazê-lo –, mas foi da sua pena que nasceram os inesquecíveis versos sobre as conquistas ultramarinas de Portugal. O gênero épico, para os autores do Classicismo, traduzia-se de forma perfeita nas obras de Homero ( Ilíada e Odisseia ) e Virgílio ( Eneida ). O modelo não variava muito: esperava-se que o poema apresentasse uma disputa entre os deuses em relação ao comportamen...

A ronda da noite, de Agustina Bessa-Luís

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Por Carlos   Câmara  Leme 1 Quando em 2006 veio a lume A ronda da noite , não era a primeira vez que Agustina Bessa-Luís se tinha enredado, para construir os seus romances, com os claros-escuros da pintura, assim como da fotografia – Azul (Não-lugares) , álbum com um texto curto de Agustina e fotos de Luís Ferreira (Ambar, 2002). São instantâneos duma viagem a Rodes, Grécia, em 2008, aquando do primeiro Fórum Internacional para a Paz das Mulheres Criadoras do Mediterrâneo. Há o óbvio: o cruzamento entre a literatura e a fotografia, a pintura, a arquitetura, o design , a dança, ou o conjunto das artes performativas são “escritas” que se revêem, entrelaçam ou contradizem, criando entre eles vasos comunicantes e objectos em que ler/ver implica sempre uma cumplicidade. É assim com o cinema que, na obra e vida da escritora, teve decisiva importância, desde os filmes que viu deliciada, em jovem e adolescente, até ao “feliz casamento” quando se encontrou com a c...

Caderno-revista 7faces

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Por Pedro Fernandes Charles Baudelaire. Pintura de Gustave Courbet Quero compartilhar com os leitores e transeuntes deste blog uma ideia que, para ser sincero, desde quando iniciei essa aventura na web ,  já varava ponta a ponta minha cabeça. Trata-se da organização de uma rede outra, esta de poetas, de todas as tendências, raças, credos, nacionalidades, temáticas, enfim do que poder caber no infinito universo da internet. Chamo esta ideia de 7faces . Pretende ser um caderno de poesia, com publicação e distribuição eletrônica, e o que é melhor, sem fins lucrativos. A seguir posto como  o escritor interessado  deve se inscrever no projeto para remeter seu material à primeira edição, programada para publicação em junho próximo. 1. Os poemas para a primeira edição deverão ser encaminhados em anexo para o e-mail pedro.letras@yahoo.com até o dia 26 de junho de 2009 .  2.  Junto com o poema o autor deve encaminhar a ficha de inscrição preenchida, declaração de aut...

Diário pedagógico: a equipe

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Por Pedro Fernandes Na sala que estive do 9º ano, estava na parede:  A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, X, W, Y, Z. Fui introduzido na reunião em 18 de fevereiro de 2009, quando do último dia do que a Secretaria de Educação do Município chamou de Semana Pedagógica. Não revelarei nesta série, pelo menos a princípio, os nomes dos locais e das pessoas envolvidas nos fatos. Se estou tornando uma realidade à vista alheia, acho que me resta um pouco de ética em preservar esses nomes, ainda que isso se trate de um esboço de relato-denúncia. Basta que o leitor saiba que as ações as quais me refiro neste e noutros textos desta série decorrem na única escola da zona urbana de um município que está a 45 Km, aproximadamente, da capital do Rio Grande do Norte. Apresentados os lugares, voltemos à reunião de 18 de fevereiro de 2009. Não sei quais os objetivos a que se prestavam os que ali estavam reunidos, mas pelo correr das discussões não demorei mu...

Castro Alves

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Parece que os astros são anjos pendidos Das frouxas neblinas da abóbada azul, pendidos A filha morena dos pampas do sul. * Sicambros do sol da gloria Ergamos a fronte ao sol, Condores, tingi as azas Morno é o banho do arrebol. Como bardos inspirados, Quando palpita a victoria O vento canta epopéas, Quando o tempo d’entre os dedos Debalde raio impotente Assim foi... E ha tantas per’las Já de horror prorompe um grito Nos pampas dormido tremes – Que sombra é aquella no norte? Silencio. Calle-se o canto D’esses que alteiam as frontes, (este poema foi publicado no Jornal Do Recife , n. 213, de 14 de setembro de 1865, p. 1) É preciso apostrofar este Pernambuco de 63, apenas interessado em vender açúcar. Voltar o látego da poesia contra os barões do engenho. É preciso compor um painel onde a infâmia fique estampada: os navios negreiros atravessando o oceano, as senzalas imundas, a mãe cativa a amamentar o filho sem futuro, o...

Jornal Trabuco, um tiro de boas ideias

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A primeira equipe, fundadora do jornal Trabuco : da esquerda para direita, Pedro Fernandes, Ângela Cláudia, Monick Munay e Anacely Menezes. Alunos do sétimo semestre do curso de Letras. 1.  Entre as habilidades (ou competências) para a formação de um estudante de Letras está a labuta com a palavra. É bem verdade que alguns chegam ao curso com apenas esse interesse e todos saem frustrado porque não encontram esse lugar que buscam, afinal, sobretudo num curso de licenciatura, o que mais se passa em debate é a formação de como trabalhar a língua de sua habilitação com o ensino. 2.  É sabido ainda que os cursos de Letras sempre zelaram pela criação de promoção de espaços de convivência com a escrita, o que, de certa maneira finda por ser gratificante não apenas àqueles cujo único interesse é o exercício com a palavra e, produz um intercâmbio com os mais arredios à escrita ou mesmo com outras faculdades, claro, se o aluno está numa instituição com outros cursos afins. ...