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Filme conta a história do escritor português José Saramago e Pilar del Río

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Entre setembro e outubro próximos, estará terminada a montagem do filme de Miguel Gonçalves Mendes, com o título provisório União Ibérica , e que com bastante probabilidade se chamará José e Pilar – Retrato de uma relação . Resultado de três anos e meio de trabalho, a equipe de rodagem acompanhou José Saramago e Pilar del Río por diversos países, Portugal, México, Brasil, Espanha e Finlândia, daí advindo um conjunto de retratos vivos do Homem e do Escritor em diferentes momentos da sua vida de trabalho e não só. Produzido pela JumpCut em co-produção com a El Deseo, de Pedro Almodôvar, o filme conta ainda com a parceria da SIC. A versão para TV terá a co-produção das estações televisivas SVT (Suécia) e Yle (Finlândia). O filme recebeu no passado dia 10 de Julho o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, através de um protocolo assinado com a produtora JumpCut, e não com o escritor, como erradamente alguns órgãos de comunicação veicularam, que não participa na produção do filme. Desse...

José Saramago, o gosto pelo cinema e seus filmes preferidos

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Cena de Amarcord , de Fellini, um dos filmes prediletos de José Saramago. Para quem não sabe, José Saramago é um amante da arte do cinema. Do gênero imiscuiu a prática na escrita. Notem os diálogos suspensos de seus romances (suspensos no sentido de virem desprovidos do itinerário comum das falas no romance tradicional) e vejam se não é uma técnica cinematográfica deixar que a personagem fale por si, sem interrupções mais demoradas do narrador. E mesmo a presença temática na obra: é através de filme que Tertuliano Máximo Afonso, personagem de O homem duplicado , reconhece que há alguém de mesmo porte físico que o seu.  * Em As Pequenas Memórias , o escritor recorda-se de algumas idas ao cinema quando entre a infância e adolescência. Recortamos dois fragmentos: num, a impressão que o cinema tantas vezes lhe causava, no outro, algumas de suas comédias favoritas.  "Lembro-me de dormir no chão, no quarto dos meus pais (único, aliás, como já disse), e dali os c...

O Mágico de Oz, de Victor Fleming

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Fábula musical sobre garota que vai parar em uma terra distante eternizou canção "Over the Rainbow" A fábula infantil de L. Frank Baum já foi adaptada para as telonas dezenas de vezes, mas nenhuma com tanta propriedade quanto nesta superprodução da MGM, até hoje exibida com frequência na televisão norte-americana. O Mágico de Oz celebrizou o processo Technicolor e, sobretudo, fez de Judy Garland uma estrela. Com apenas 16 anos, Garland, que substituiu Shirley Temple (por problemas de liberação entre estúdios) no papel de Dorothy, transformou-se em um das cantoras atrizes mais populares de Hollywood. A pressão da fama, entre outros motivos, levou-a ao vício e à morte por overdose de remédios em 1969. Dorothy é uma menina do Kansas que, ao perseguir seu cachorro Totó, é colhida por um furacão e chega a uma terra distante. Lá conhece um elenco incrível de personagens: o carinhoso Espantalho, o Homem de Lata, o Leão Covarde. Juntos, eles seguem a estrada de tijolos a...

A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade

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Por Pedro Fernandes Fac-similar da 1ª edição de A rosa do povo . A rosa do povo é quase sempre lido por grande parte da crítica literária brasileira como um dos mais importantes da bibliografia de Carlos Drummond de Andrade; extensa bibliografia, por sinal. Além da poesia, sabemos que escreveu em quantidade semelhante, crônica. E a posição de cronista, o espectador do mundo, quase sempre é convertida em matéria de poesia. Apesar de não conhecer integralmente a obra do poeta mineiro e nem (e isso nunca aconteceria ainda que vivesse um século para a leitura de poesia) a literatura do gênero dos grandes nomes da república mundial das letras, ousaria colocar este livro no rol dos mais importantes para a poesia brasileira e, porque não me contento com bairrismos, entre os mais significativos da poesia do século XX. Sobre o reconhecimento do poeta como um dos mais interessantes para a poesia contemporânea no mundo, aposto que seja mesmo apenas uma questão de tempo; é preciso reconhecer ...

Conferência sobre o romance e o filme “Ensaio sobre a Cegueira”

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Por Pedro Fernandes Capa da edição brasileira de Ensaio sobre a Cegueira  e cartaz de divulgação de Blindness , adaptação do romance de José Saramago feita pelo cineasta Fernando Meirelles. Ensaio sobre a Cegueira é, certamente, uma das mais potentes alegorias sobre a atual condição da civilização Ocidental ou é uma leitura pungente sobre o acelerado processo de degradação dessa civilização ao longo de sua história. Sim, esta é uma das maiores civilizações que habitaram o planeta, mas, no ritmo em que se encontra, não tardará muito seu fim. Sobretudo porque temos exercido em grande nível a incapacidade de ver o que está nas aparências e vimos aos poucos nos tornando também no aparente. Publicado em 1995, tão logo José Saramago saiu de Lisboa para ir morar na ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias, este romance é reconhecido pela crítica como um dos mais importantes da segunda metade do século XX. E, além de dizer tanto do que nos tornamos, é este um romance que deposita ...

Essa segunda língua que supomos

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Por Pedro Fernandes Recentemente esteve pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), onde cursei minha graduação e hoje curso mestrado, a professora Gladis Barrios, da Universidade de Tolima, Colômbia. Ela contava, na rápida conversa que manteve com os alunos do mestrado, dada a extensa agenda de compromissos na instituição, que, no seu país, os alunos de graduação são todos bilíngues; que em se tratando de mestrado e de doutorado os trabalhos de conclusão dos respectivos cursos, dissertação e tese, devem ser defendidos em versões na língua mãe, o espanhol, e na língua estrangeira, o inglês. O país, entretanto, padece de uma taxa de 70% de analfabetos.  Pergunto, para que serve tanto rigor por parte das instituições diante dessa lastimável estatística. Daí, aplica-se bem aquele ditado popular de que tudo demais é veneno. Mas, a questão que me leva a essa pergunta está num outro fato: o dela ter mencionado, e mencionado bem, do atual poder de que o Brasil dispõe frent...