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Crime e castigo, Fiódor Dostoiévski

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Por Pedro Fernandes Shakespeare, Cervantes, Dante, Orwell, Hemingway... Grandes nomes da literatura que marcam os principais momentos da literatura universal. Entre estes nomes há muitos vazios, pertencentes a muitos outros de igual envergadura. E, claro, entre eles não pode deixar de se escrever o nome do russo Dostoiévski, autor de uma vasta obra, mas da qual se destacam ao menos três, digamos assim, mais lidas: Noites brancas , Os irmãos Karamazov e este que agora comentamos, Crime e castigo . Dos três, este último é sempre tido como uma carta de apresentação sobre sua obra, visto que, é um título que se inscreve no âmbito do que a crítica tem considerado como o da maturidade do escritor. Crime e castigo foi publicado em 1866. No Brasil, a tradução direta do russo mais recomendada é apresentada na Coleção Leste, da Editora 34; Paulo Bezerra, sem dúvidas, um dos nomes mais significativos no exercício de apresentação da literatura russa no Brasil, o responsável pela ...

Alejandra Pizarnik

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Alejandra Pizarnik (Argentina, 1936 – 1972) escreve sobre jaulas, barcos, olhos. Vinhos, céus, luas. Sortes, flores e pedras muito pesadas. É surrealista, sexual, depressiva. Em seus poemas sempre é noite e há uma caixa de barbitúricos próxima, porque sempre apetecerá ao leitor dizer “até aqui”. É uma menina monstro – como ela chamava Janis Joplin quando falava sobre suas influências –, uma mística, uma fêmea chafurdando nos despojos; tão frágil que não está nunca – porque sempre acaba de partir – e tão sensorial que vive nos objetos de tua casa. Não dói porque dói em todas as partes. “Tu eleges o lugar da ferida”, concedeu. Quando era pequena, chorava com as espinhas e se dopava de anfetaminas para perder peso. Se tornou viciada nas tais pastilhas e vivia entre a insônia e a euforia: cisnes enfermos voando baixo por aqui. Reinventava complexos. Tinha os céus de sua irmã mais velha. Gaguejava. Seus pais eram joalheiros, imigrantes judeus de origem russa e eslovaca. Ela falav...

Fiódor Dostoiévski

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Fiódor Mikaháilovitch Dostoiévski nasceu em Moscou a 30 de outubro de 1821, num hospital para indigentes onde seu pai trabalhava como médico. Em 1838, um ano depois da morte da mãe por tuberculose, ingressa na Escola de Engenharia Militar de São Petersburgo. Ali aprofunda seu conhecimento das literaturas russas, francesa e outras. No ano seguinte, o pai é assassinado pelos servos de sua pequena propriedade rural. Só e sem recursos, em 1844 Dostoiévski decide dar livre curso à sua vocação de escritor: abandona a carreira militar e escreve seu primeiro romance, Gente pobre , publicado dois anos mais tarde, com a calorosa recepção da crítica. Passa a frequentar círculos revolucionários de São Petersburgo e em 1849 é preso e condenado à morte. No derradeiro minuto, tem a pena comutada para quatro anos de trabalhos forçados, seguidos por prestação de serviços como soldado na Sibéria - experiência que será retratada em Recordações da casa dos mortos , livro publicado em 1861, mesmo an...

Elias Canetti: evocação sem porquê

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Por Juan Malpartida Elias Canetti (1905-1994) pertence a uma tradição que não faz parte dos estudos literários. Esta tradição se caracteriza por um signo inquietante: seus autores escrevem sempre o mesmo livro, ainda que mudem de gênero e às vezes passem – como no caso de Canetti – da ficção ( Auto de fé , por exemplo) ao ensaio erudito e sério ( Massa e poder ), passando por obras de reflexão tão pouco demonstrativas que, em ocasiões, só parecem sustentar-se por sua enunciação ( A província do homem ). Pergunto-me se sua condição de judeu (descendia de uma família de origem sefardita) não teve algo a ver com essa atitude de alto compromisso, próximo ao fanatismo – o que chamaria de absoluto – na relação com a tarefa do escritor e com a obra em si, concebida como uma aposta contra a morte.   A Canetti, o autor de língua alemã de seu século o que mais lhe interessou, juntamente com Kafka, foi Musil, quem tratou nos anos de Viena. Mas, junto a estes autores, somari...

Sete romances sobre o 11 de setembro

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Aproximamos de uma década dos atentados terroristas de 11 de setembro e desde então esse fato, sem dúvidas um marco na história do novo século, começa a povoar narrativas da literatura produzida dentro e fora dos Estados Unidos. A lista resume a extensa quantidade de materiais do gênero livreiro (dentre HQ's, livro-reportagem, entrevistas) apresentada por outros editoriais. O critério escolhido na seleção foram, portanto, dois: um, textos literários; outro, que já tenha tradução no Brasil.  1. Homem em queda , de Don DeLillo (Trad. Paulo Henriques Brito, Companhia das Letras) Somente alguém que já escreveu sobre outras catástrofes tão ou mais dramáticas (lembramos de Cosmópolis ) poderia tomar parte nos acontecimentos do dia 11 de setembro de 2001. O tema do terrorismo também não é algo novo para DeLillo, mas com  Homem em queda  o romancista mergulha no coração da tragédia e busca criar um nova estética literária. A recriação do choque é tão potente como s...

Blade Runner - o caçador de andróides, de Ridley Scott

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Mistura de ação e filosofia diferencia visão pessimista do futuro de outras ficções científicas Los Angeles, 2019. Com o planeta transformado em sucata por causa da chuva ácida e de outros desastres ambientais, a humanidade migrou para colônias espaciais e a Terra abriga apenas os excluídos. Nesse cenário de caos, cinco replicantes (andróides extremamente desenvolvidos) desafiam a proibição de vir à Terra e são caçados por policiais chamados "blade runners". Um ex-caçador, Deckard (Harrison Ford), é convocado para eliminar os intrusos (cujas vidas duram apenas quatro anos), e acaba descobrindo segredos sobre a própria identidade. O que diferencia Blade Runner - O Caçador de Andróides , dirigido por Ridley Scott, de outras produções futuristas centradas centradas na ação é, em parte, seu conteúdo filosófico. Ao serem montados, os replicantes recebem memórias afetivas, o que lhes dá uma consciência quase humana, fazendo com que demonstrem emoções. O fato de serem mo...