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O Selo Letras in.verso e re.verso

O Selo Letras in.verso e re.verso dispõe, agora, de nova casa (pode acessá-la clicando aqui ). O espaço foi criado no dia 25 de março de 2010 e ainda passa por ajustes; já este selo foi criado no início do ano e é uma iniciativa a partir deste blog, visto que, depois da publicação virtual Um retrato de Joyce in amostra fotográfica  passaremos a editar material relacionado ao conteúdo do Letras . A empreitada de criação de um selo surge dado o número significativo de edições virtuais lançadas nos dois últimos anos pelo espaço e também porque é de nosso interesse a edição de materiais extras para acompanhar as postagens, tais como, contos, fotografia, poemas, excertos de romances etc. Isto é, não se trata de uma editora virtual e nem estamos abertos a receber textos para publicação pelo selo; poderá haver edições fora  desse universo do blog, se for para o interesse do caderno-revista 7faces , um periódico que também nasceu a partir do Letras e que terá vínculo...

Lembranças, de Allen Coulter

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Por Pedro Fernandes Bem há uma série de questões a se falar desse filme (e falar mal como aponta a força da expressão). Mas, por que se dá ao trabalho de gastar saliva com uma obra ruim se nem crítico de cinema sou? Na pergunta está, pelo menos resposta: que o que vou dizer não deve ser levado a sério, porque não tem interesse de ofender o expectador capaz de se nutrir com histórias triviais. Apesar de minha leitura ser impulsionada por uma questão de gosto pessoal, não é para servir de atentado ao gosto de ninguém. É antes uma maneira de expressar por aqui a direção contrária dos comentários que me fizeram perder algumas horas, algum dinheiro, no cinema. Aqui é o legítimo caso de alguém que se deixou levar pelas expectativas (lógico, positivas )   de quando viu o seu trailer do filme. Sim, eles são feitos para fisgar futuros expectadores, eu sei; mas, há uns que mesmo essa ferramento oferece alguma barreira capaz de lhe impedir concluir o sacrilégio com a compra do ingr...

Pier Paolo Pasolini: metáfora por metáfora

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Por Alberto Giordano  Tantos anos depois de uma morte tão trágica como trágica foi sua personagem, a obra de Pier Paolo Pasolini segue no centro do debate intelectual e cultural que ela representa e quer representar; ninguém duvidará que é uma obra de força prodigiosa e de igual maneira provocativa. Muitos que tentam fazer um balanço provisório do entre-décadas 1975-1986 (depois de sua morte) sempre chegam à conclusão de que as contas não resultam de um todo exatas; falta assim algo como uma quarta dimensão, uma chave interpretativa não plenamente aceitável, mas iluminadora e inquietante; e o que falta é exatamente o ponto de vista de Pasolini, seu esforço autodestrutivo de encontra-se sempre no ponto mais incômodo. Por um lado, Pasolini nos aparece como a última e irrepetível figura do intelectual tradicional em sentido humanístico e por outro, o ponto de vista que ele representou deu extrema dignidade a um modelo de intelectual alternativo, destinado talvez a exti...

A garota de Mônaco, de Anne Fontaine

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Por Pedro Fernandes Às vezes, mesmo ao acaso, conseguimos não queimar o tempo à toa; geralmente tenho feito o trabalho de, antes de assistir a um filme no cinema, ler o crítica tem dito sobre. Resolvi, nesse caso, apenas apostar que estava indo a uma sessão Cine Cult e não poderia me decepcionar com o que encontraria por lá. Essa sessão ocorre na franquia Cinemark que, em Natal, funciona no Shopping Midway Mall; o horário tem sempre sido inconveniente. Mesmo não tendo uma hora fixada, sempre as sessões ocorrem às 14h; muito provavelmente uma provocação de que, quem vai ao cinema a essa hora é porque não tem o que fazer. Bom, ao menos o preço compensa: as sessões são mais baratas que as convencionais. Mas, o resultado é sempre sala quase vazia. E o filme de Anne Fontaine ficou marcado (por isso essas notas aqui no blog) como uma das melhores produções que até hoje vi nessas sessões Cult; afinal, sempre que posso estou lá.  A garota de Mônaco   é um filme da safra fra...

Mário de Carvalho

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Nunca é demais sublinhar a extensa quantidade (e a qualidade) da literatura portuguesa contemporânea; a chegada de obras como a de António Lobo Antunes e José Saramago, sem dúvidas, dois grandes autores desse entre-século, parece que (embora um fenômeno não leva a outro, é verdade) deu força para o soerguimento deste cenário. E um dos nomes, entre tantos que chegam deste lado do Atlântico é o do escritor Mário de Carvalho, autor de uma vasta obra que se afirma como uma das mais importantes entre as produções literárias pós anos 1980. Não é uma literatura fechada apenas num tipo textual, mas desenvolvida entre a prosa curta, o romance e o teatro. Mário de Carvalho nasceu em 1944 em Lisboa, mas a forte ligação da família com o Alentejo colocou-o desde cedo em relação com um tipo de vida marcado pela miséria do trabalho forçado nos graves anos em que o seu país viveu sob o domínio execrável da ditadura. A própria geração dos pais do escritor fora vítima do regime, e mais dire...

Raul Pompeia

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A vida de Raul Pompeia foi breve. E agitada. Nasceu a 12 de abril de 1863 em Jacuecanga, interior de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. O pai, Antônio d’Ávila Pompeia, formado pela Faculdade de Direito de São Paulo e herdeiro de uma tradicional família de cafeicultores da região de Rezende, havia se instalado aí para assumir o cargo de juiz municipal. A estadia durará de entre 1859 e 1873, quando se muda em definitivo para o Rio de Janeiro. Neste ano, o filho é matriculado como aluno interno na 3ª série primária do conceituado Colégio Abílio, no bairro das Laranjeiras; ficou aí pelos quatro anos seguintes. Os leitores que costumam estabelecer conexões entre a biografia do autor e sua obra, costumam creditar que esse período fermentou a realização do romance pelo qual Raul Pompeia ficaria reconhecido ― O Ateneu . Publicado em 1888, primeiro em folhetins no jornal Gazeta de notícias e depois em livro, este livro passou para o cânone literário brasileiro por razões de variada...