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Marize Castro recita poemas de Lábios-espelhos

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Por Pedro Fernandes A primeira vez que li a poeta foi o seu livro Marrons crepons marfins . Esse é o seu primeiro título, aliás; publicado em 1984. A obra veio-me na época em que me encontrava no cimo de muitas decisões acadêmicas. Sabia que devia enveredar pelos estudos da Literatura, mas ainda não sabia bem o quê ou qual autor ou ainda qual Literatura deveria eleger como objeto de estudo. Foi por isso e foi também pela curiosidade de conhecer novos autores, aqueles que não estão inscritos no currículo do curso de Letras e que são muitas vezes os nomes que decidimos (quando vamos para os estudos literários) estudar. Por essa época conheci muito dos escritores da Literatura Potiguar e o caso completou-se mais tarde quando cursei Literatura Potiguar. Mas, Marize de Castro, veja não estava no rol dos poetas estudados. Deve ter sido citada, mas estudada mesmo, não foi. Esse silêncio e o meu encontro com o seu recente livro  Lábios-espelhos fizeram-me inteirar melhor...

É proibido fumar, de Anna Muylaert

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Por Pedro Fernandes Baby (vivida pela atriz Glória Pires) e Max (vivido pelo cantor e compositor Paulo Miklos) O filme é premiadíssimo e foi lançado no início de 2009. Mas o roteiro (uma crônica de amor bem arrumada com final que deixa a o trabalho do expectador), que também foi um dos oito prêmios que o filme recebeu no Festival de Cinema de Brasília, é, sem dúvidas, muito bom. No centro da narrativa duas figuronas: Baby (vivida pela atriz Glória Pires) e Max (vivido pelo cantor e compositor Paulo Miklos - que, convenhamos, é quem tira parte do brilho desse filme). Anna Muylaert volta ao novamente ao tema das variações porque pode passar o dia-a-dia comum com a presença do acaso. Baby é confinada no seu mundinho: o apartamento deixado pela mãe; vive de dar aulas de violão (em casa mesmo) e de comprar confusão com sua irmã Pop (vivida pela atriz Marisa Orth) por causa de um sofá herdado da tia. Perpassado pelos cordões de fumaça do cigarro de Baby (que até tenta parar e ...

A arte do romance, de Milan Kundera

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Por Pedro Fernandes Arquitetado em sete partes - número que, aliás, para Milan Kundera parece ter um significado de grande importância, ainda que inconscientemente (ver nesse livro a entrevista-ensaio "Diálogos sobre a arte da composição") - trata-se do primeiro livro do autor no gênero do ensaio. Escrito em 1986, ano passado a editora brasileira Companhia das Letras o reeditou na coleção Companhia de Bolso (imagem). A arte do romance  vem de quem, ao meu ver, melhor pode falar sobre o romance, assim como o poeta, que digo sempre, ser o melhor para falar sobre a poesia (e lembro aqui das falas de Maria Teresa Horta, Gastão Cruz, Ana Luísa Amaral, entre outras que já tive privilégio de ouvir). É bem verdade que Kundera e os nomes citados pertencem a outra esfera de escritores; são nomes que, além da vivência com a palavra, têm um interesse em compreender o campo teórico que o circunda. Sem qualquer perspectiva de esboçar um texto mais desenvolvido sobre o...

Incerto caminhar, de David Leite

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Por Pedro Fernandes Caminante, no hay camino, se hace camino al andar (António Machado) Na orelha da edição bilíngue de Incerto caminhar (Editora Sarau das Letras), do poeta David Leite, diz o poeta Fernando Gil Villa: Al final, el tiempo pasó sin pasar y en algún momento, David decidó irse a casa para escribido todo, aunque tardó mucho em llegar, porque el poeta es el único ser sobre la tierra que no tiene raíces, sino que las va echando continuamente, razón por la cual es incierto su caminar , y sin emabrgo, misterio de los misterios, llega más lejos que nadie (os grifados são meus). Parece-me que os termos em destaque definem bem o que o leitor encontra por esse caminho: um caminho que se é feito de palavras, de palavras que transpiram paisagens, sons, cores, cheiros, emanados todos de um veio que é o próprio veio da memória, esse fio de Ariadne que costura o livro de David, esse fio que é o próprio fio da viagem de idas e vindas "Na mesma estrada longa e sinu...

Cidade de Deus, de Fernando Meirelles

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A realidade da favela carioca serve como palco para uma história eletrizante sobre guerra de gangues do tráfico de drogas Cidade de Deus  foi o grande acontecimento do cinema brasileiro dito "da retomada" (ocorrido a partir dos anos 1990, com a quase suspensão da produção nacional pós-fechamento da produtora estatal Embrafilme). O longa de Fernando Meirelles foi dos mais populares trabalhos nacionais dos últimos anos. Além de aparecer com destaque na mídia internacional, fomentou uma larga discussão acerca de qual seria o "filme ideal" capaz de representar o Brasil e seus problemas sociais. Ao tocar em assuntos centrais do país (miséria e criminalidade), a obra rachou os intelectuais. Uns viram suas qualidades de entretenimento. Outros apontaram uma negação ao que o cineasta Glauber Rocha propôs como estilo adequado de retratar a pobreza do país - a chamada "estética da fome". O estilo aqui estaria mais próximo do cinema de ação de Hollywood, co...

O Selo Letras in.verso e re.verso

O Selo Letras in.verso e re.verso dispõe, agora, de nova casa (pode acessá-la clicando aqui ). O espaço foi criado no dia 25 de março de 2010 e ainda passa por ajustes; já este selo foi criado no início do ano e é uma iniciativa a partir deste blog, visto que, depois da publicação virtual Um retrato de Joyce in amostra fotográfica  passaremos a editar material relacionado ao conteúdo do Letras . A empreitada de criação de um selo surge dado o número significativo de edições virtuais lançadas nos dois últimos anos pelo espaço e também porque é de nosso interesse a edição de materiais extras para acompanhar as postagens, tais como, contos, fotografia, poemas, excertos de romances etc. Isto é, não se trata de uma editora virtual e nem estamos abertos a receber textos para publicação pelo selo; poderá haver edições fora  desse universo do blog, se for para o interesse do caderno-revista 7faces , um periódico que também nasceu a partir do Letras e que terá vínculo...