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Entrevista com João Ubaldo Ribeiro

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O Caderno Viver do jornal Tribuna do Norte publicou hoje uma entrevista ao escritor João Ubaldo Ribeiro. Na entrevista o escritor fala do convite e de sua participação no I Encontro de Escritores de Língua Portuguesa que terá início no próximo dia 28 de abril. No mais lê-se o já despojamento do escritor que foi à sua posse na Academia de Letras de bermuda: ** A sua presença nos eventos literários em Natal havia sido cogitada em anos anteriores, o que parece não ter dado certo. O fato de ser este um encontro de representantes da literatura de Língua Portuguesa no mundo, interferiu em sua decisão? Não me lembro bem desses convites. Eu sempre estou pensando em ir a Natal, porque gosto muito de Natal. Eu e minha mulher temos uma ligação forte com a cidade. Temos muitos amigos, compadres e assim por diante. Sempre estou pensando em ir à Natal, mas dificilmente eu posso. Eu não me lembro desse último convite. Não interferiu em nada o fato de ter representantes da língua portug...

A maior flor do mundo, de José Saramago

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Por Pedro Fernandes Não tenho muito o que falar sobre livros para crianças. E por um motivo apenas: não fui uma criança leitora. Meus pais mal tinham condições de por comida dentro de casa; livro, então, foi sempre um produto de luxo. Além do que, semi-analfabetos, esse objeto nunca lhes serviu e nunca lhes serviria para nada. Depois, as escolas pelas quais passei, essas que poderiam ter me incentivado o hábito da leitura, nunca sequer souberam o que era uma biblioteca, coisa que eu propriamente também só vim conhecer na adolescência, quando na cidade para onde eu ia diariamente estudar entrei num cômodo velho com algumas estantes povoadas por alguns livros antigos da literatura nacional e uma centena de Best-Sellers desses que já vêm com um enredo pré-fabricado antes mesmo da sua composição. Os livros infantis que li foram na adolescência para a fase adulta. Li poucos, é verdade. Na vida adulta, entre essas leituras, está, por ossos do ofício, A maior flor do mundo...

Uma iconografia de Machado de Assis

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Por Pedro Fernandes Vários nomes da nossa literatura reuniram a condição de, mais tarde, oferecer aos pesquisadores o a possibilidade de ter suas vidas reconstruídas por um itinerário feito de fotografias. Penso aqui na magistral coleção realizada pelas Edições Alumbramento que reuniu fotobiografias de gente como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Jorge Amado, e Mário de Andrade. São livros realizados para um tempo em que a imagem se constituiu registro de memória e culto. Agora, que a foto beira à banalização pelas possibilidades digitais oferecidas, receio que se prevalecer o critério memorial ainda valha alguma coisa. Agora, se repararmos nos nomes que compõem a coleção referida acima, notaremos uma coisa, além da figura de culto. São figuras que pertencem a uma geração de consolidação dos registros fotográficos para além do estúdio; integram parte da democratização da imagem, esta que deixa de ser captar o retrato para adquirir movimento ou captar o in...

As cidades invisíveis, de Italo Calvino

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Por Pedro Fernandes Algumas obras são sempre marcantes. As cidades invisíveis  está entre elas. Não consigo (talvez pela minha limitação de ainda um leitor ingênuo) captar aqueles paradigmas elegidos pelo próprio Italo Calvino em Por que ler os clássicos  (livro do qual só li a primeira parte), que possa inscrever esse título no rol do clássico (e clássico  no sentido de obra-prima). Entretanto, não é este um livro comum. O escritor italiano usa de um experimentalismo de raio fantástico . Depois da sua descoberta, fui dia desses à livraria e encontrei com o progresso da reedição completa da obra oferecida pela Companhia das Letras. E me lembrei outros dois importantes livros que li de Calvino ( Seis propostas para o próximo milênio , numa roda de leitura que me serviu de introdução à obra desse autor). Recentemente (isso depois de sobejar as três primeiras páginas) coloquei mais um para a lista de leituras: chama-se Se um viajante numa noite de invern...

Relendo A revolução dos bichos

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Por Christopher Hitchens  A revolução dos bichos , como escreveu seu autor mais tarde, “foi o primeiro livro em que tentei, de forma plenamente consciente, fundir intenção política e intenção artística num todo”. E certamente, suas páginas contêm uma síntese de muitos dos problemas que sempre chamamos de “orwellianos”. Entre eles, o ódio à tirania, o amor pelos animais e o campo ingleses, e uma profunda admiração pelas fábulas satíricas de Jonathan Swift. A isso pode acrescentar o desejo de Orwell de ver as coisas desde o ponto de vista da infância e da inocência dessa idade: sempre desejou ser pai e, temendo ser estéril, adotou uma criança pouco antes da morte de sua primeira companheira. O meio irônico subtítulo do romance é “Um conto de fadas”, e Orwell se sentiu satisfeito quando ouviu amigos como Malcolm Muggeridge e Sir Herbert Read lhe contar que seus próprios filhos haviam desfrutado do livro. Como grande parte de seu trabalho posterior – mais conspicuamente ...

O mundo está gritando por Deus ou a Igreja grita por fiéis

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Por Pedro Fernandes Em artigo recente publicado no jornal Correio da Tarde o padre Matias Soares deu ao leitor sua profissão de fé. Respeito e admiro os que tem essa fé. Não consigo alcançá-la. Por que? Não sei. Defeito? Também não sei. Pode ser também uma qualidade. Depende do ângulo que você enxerga a questão. O fato é que essa crença cega - epíteto para fé - tem algumas afirmativas que carecem de ser revistas, afinal as coisas não são apenas o que parecem ser, mas são também aquilo que não parecem. Não existe absolutismo em nada. E se viver de relativismos nos tira do eixo de fixidez, problema nenhum, nunca fomos possuidores mesmo desse eixo de fixidez e a verdade não passa de uma invenção que pode no dobrar da esquina se transformar em mentira. Fazendo relações entre "uma pessoa que tem uma experiência de Fé, no sentido teológico-cristão" e "um solipsista do vazio falando sobre sua existência no mundo e para o mundo" o artigo do padre dizia em rela...