Postagens

Pixote - a lei do mais fraco, de Hector Babenco

Imagem
Duas décadas antes de Cidade de Deus , o cinema brasileiro ganhava uma radiografia impiedosa da violência nas ruas e de como ela condenou a juventude das classes miseráveis a buscar o crime como caminho para sobrevivência. Pixote - a lei do mais fraco  conta a história de um garoto de dez anos que é recolhido das ruas de São Paulo para ser internado em um reformatório. Dois de seus amigos são assassinados e, com mais três colegas, ele foge para o Rio de Janeiro, onde entra para o mundo do tráfico de drogas, dos assaltos, assassinatos e da prostituição. Marília Pêra interpreta Sueli, prostituta que acolhe os jovens e os ajuda a cometer os crimes. Em uma cena de forte carga simbólica, Sueli amamenta Pixote, órfão não só dos pais, mas do país que os abandonou. Dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco (de Carandiru , de 2003 e O Beijo da Mulher Aranha , de 1985), Pixote é baseado no livro-reportagem de Jozé Louzeiro, A Infância dos Mortos . Segundo Babe...

Cal, de José Luís Peixoto

Imagem
Por José Luís Foureaux Cal , de acordo com o Dicionário Houaiss, é um substantivo feminino: pó branco constituído principalmente de óxido ou hidróxido de cálcio, usado na construção civil, em fluidos de perfuração, em cerâmicas, na clarificação de óleos, em tintas, revestimento contra fogo, tratamento de água, na manufatura de papel, como adstringente, etc. Qualquer produto (pulverulento, pastoso etc.) resultante da hidratação da cal virgem. Etimologicamente, a palavra vem do latim vulgar –  cals  (derivado do acusativo) que, por sua vez, vem do latim  calx , calcis  – cal, pedra de cal, com origem no grego  kháliks ; provindo pelo espanhol cal. A viagem é longa. De tudo fica um pouco: logo, pode-se acreditar quando dizem que “cal queima”! A ideia de fim, de morte, de consumição, não passa ao largo quando se pensa nessa palavra. Pensar na palavra, pensar com a palavra. Isso é poesia! É isso o que faz José Luis Peixoto em seu livro...

"Arquitetura do romance: tópicos para um estudo"

Imagem
É este o título de curso que será ministrado por Pedro Fernandes, editor do blog Letras in.verso e re.verso no âmbito de semana se eventos dessa natureza preparada pelo Grupo de Estudos do Discurso da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (GEDUERN). O evento integra a programação dos cinco anos de atuação de um grupo que, nesse intervalo de tempo já realizou, entre outros acontecimentos, o grande Colóquio Nacional de Linguagem e Discurso em 2008, e a publicação do livro Travessias de sentido , no mesmo ano. O ciclo de minicursos a ser ofertado para a comunidade acadêmica acontece entre os dias 12 e 14 de maio de 2010, na Faculdade de Letras e Artes (FALA) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Central, em Mossoró (RN).  O evento contará com uma conferência de abertura a ser ministrada pelo professor Dr. Gilton Sampaio UERN/CAMEAM. Além dessa conferência, e do curso de Pedro Fernandes, há outros dois cursos que têm o tema da Literatu...

Los Angeles - Cidade Proibida, de Curtis Hanson

Imagem
Um detetive de moral duvidosa (Kevin Spacey), sempre disposto a vender informações a quem pagar mais. Outro, de atributos físicos avantajados (Rusell Crowe), está habituado a conseguir informações por meio de violência. Um terceiro policial (Guy Pearce) é o oposto: honesto e idealista. Há ainda uma loira estonteante, fatal e misteriosa (Kim Basinger). Quatro pontas que sustentam uma trama repleta de reviravoltas e detalhes obscuros elucidados apenas no final, embalada por trilha sonora do cancioneiro norte-americano. Parece até um daqueles noir do cinema clássico americano estrelados por Humphrey Bogart, mas Los Angeles - Cidade Proibida  é de 1997. Dirigido por Curtis Hanson e inspirado no romance homônimo de James Ellroy, autor também de Dália Negra  (base para o longa de Brian De Palma) e papa da literatura policial contemporânea, o filme chamou atenção por seu gostinho de naftalina e por lembrar aos cinéfilos que Hollywood já foi espaço para tramas inteligentes ...

Alice no país das maravilhas, de Tim Burton

Imagem
Por Pedro Fernandes É bem verdade que fui ao cinema empapado de críticas para ver Alice , de Tim Burton. Ele me foi como o filme brasileiro  Chico Xavier , de Daniel Filho, uma das estreias desse ano que mais aguardei. E, claro, com reações diversas: sobre o último, é claro, o que tive foi decepção. Já sobre este... Bem sobre este, o que tenho a dizer é o eco das críticas das quais me empapei antes de vê-lo. Há muito de Burton e sobretudo dos estúdios Disney e pouco (muito pouco!) da literatura de Lewis Carroll. Mas, aprovo a beleza imagética do filme, que, pela natureza do 3D, que depois de Avatar  deve se tornar um filão para o cinema. Agora, sou muito consciente de que, onde a imagem se impõe, o conteúdo desce pelo ralo. O sentido do exercício criativo que é peça do escritor inglês é substituído pelo entretimento fortuito; e a narrativa termina por atender ao gosto dos telespectador comum que é levado a estabelecer relaçõ...

Graciliano Ramos

Imagem
Já não cairá no esquecimento; é o que agora dizem quando alguém ganha as páginas da web.  A editora responsável pela reedição de sua obra é a autora do feito. O autor do já clássico da literatura brasileira  Vidas secas , obra que ano passado celebrou seus setenta anos, Graciliano Ramos, está bem. O escritor é de 27 de outubro de 1892; nascido na cidade de Quebrângulo, sertão de Alagoas, o primogênito de uma família de dezesseis filhos. Teve sua infância vivida em Viçosa, Palmeira dos Índios (Alagoas) e Buíque (Pernambuco); em Palmeira dos Índios foi prefeito. O pouco tempo que esteve na função revelaram-no um sujeito dedicado a querer fazer o que é certo  quando se está à serviço do povo num cargo público. É desse período os famosos relatórios que, nas palavras do próprio escritor, o tornaram mais reconhecido do que mesmo o seu trabalho como romancista. Nascido e criado no sertão nordestino, é sobre essas suas raízes que desenvolverá as principais te...