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Stardust - o mistério da estrela, de Matthew Vaughn

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O filme está baseado no universo fantástico de Sandman , história em quadrinhos de Neil Gaiman cuja narrativa é uma releitura do clássico conto de fadas; sim, no mundo redesenhado pelo britânico há bruxas más em busca de uma fórmula da juventude, elfos, reis, príncipes, enfim, todo um acervo da milenar cultura nórdica.   E todo esse universo é traduzido pelo cinema de Matthew Vaughn. Em uma pequena vila, o jovem Tristan Thorne (Charlie Cox) promete a sua amada Victoria Forester (Sienna Miller) buscar uma estrela que caiu no reino mágico vizinho; a promessa é sinal de prova do amor de um pelo outro. Em sua jornada, ele irá se deparar com todas essas criaturas do universo encantado até descobrir que a estrela tem a forma de uma mulher encantadora e é criatura cobiçada por muitos. Para a crítica, o que chama atenção no filme é o roteiro e o trabalho dos atores. De fato, mas não são os novatos em cena. Claro, que há atuações mais desastrosas e o Charlie Cox, por exemp...

Um conto de Virginia Woolf

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Por Pedro Fernandes Não faz tanto tempo que ouvi falar sobre a literatura de Virginia Woolf. A primeira vez, acredito, foi num dos muitos congressos que tenho frequentado nos últimos quatro anos: lembro-me de uma comunicação sobre o conto "A marca na parede", conto que tive a oportunidade de ler muito recentemente e até o presente, na minha inocente visão, um dos melhores da coletânea Contos completos (Cosac Naify), edição que tenho me dedicado à leitura nesta última semana. Indo ao site da editora que publicou em 2005, no Brasil, uma edição dos Contos completos constato alguns dados biográficos da escritora inglesa. Virginia Woolf nasceu em 1882; foi leitora desde cedo, quando numa rara atitude permitida à mulheres de seu tempo, teve acesso à biblioteca do pai, Leslie Stephen, que era editor e esse ato permissivo fez com que desse à filha uma educação diferenciada ao que se era costume ser dada às mulheres. O contato com os livr...

Exuberante deserto, de Dror Shaul

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Por Pedro Fernandes O filme de 2006 é mais uma peça do diretor israelense Dror Shaul. E é um texto de forte intervenção política porque toca em questões concernentes ao território do Oriente Médio. O que temos é um ano na vida do garoto Dvir, morador de um kibutz ao sul de Israel nos anos 1970. Todos sabem que esses assentamentos para comunidades judaicas criados desde 1948 são um estratégia de dominação e cerceamento sionista porque, antes de servir de preservação dos judeus é um modo de deixá-los à mercê do Estado e de todas as garantias subsidiadas por este, por exemplo. A estratégia de sobrevivência dessas pequenas comunidades foi a união numa coletividade, irmanadas pelo mesmo drama; dessa relação coletiva colocaram em prática o exercício de um modo de socialismo e auto-sustentabilidade, elementos cruciais, diga-se para se manter não apenas destituído das ações do Estado, mas, muitas vezes à mercê de um ambiente inóspito como é o deserto. Os kibutz acabaram por se tornar ...

Adalgisa Nery, a musa de várias faces

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Por Ramon Mello “Adalgisa e Adaljosa, Parti-me para vosso amor Que tem tantas direções E em nenhuma se define Mas em todas se resume. Saberei multiplicar-me E em cada praia tereis Dois, três, quatro, sete corpos De Adalgisa, a lisa, fria E quente e áspera Adalgisa, Numerosa qual Amor.”  Nestes versos do poema “Desdobramento de Adalgisa”, publicado em  Brejo das almas  (1934), Carlos Drummond de Andrade cantou as faces de Adalgisa Nery, poeta, jornalista e política, morta há 30 anos, em 7 de junho de 1980. Atuando em áreas tradicionalmente masculinas, Adalgisa colecionou amores e, também, alguns desafetos, mas conquistou reconhecimento e espaço na intelectualidade brasileira. No fim da vida, Adalgisa escolheu a solidão, recolhendo-se num asilo em Jacarepaguá.  Adalgisa Nery estreou na literatura após a morte do pintor modernista Ismael Nery (1900 - 1934), seu primeiro marido. Viúva, casou-se com o chefe do Departamento d...

Um caderno para Saramago: página um ou a capa

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Por Pedro Fernandes José Saramago durante leitura de As intermitências da morte , Feira Internacional do Livro, Teatro Diana, Guadalajara, México, novembro de 2006. Foto: Iván García. Que quem se cala quando me calei não poderá morrer sem dizer tudo (José Saramago, Os poemas possíveis ) O meu contato com a obra de José Saramago vem ainda quando da Graduação em Letras, meados do quinto para sexto semestre, em finais de 2006. Na época estava passando por um período de transição para os estudos com o texto literário; foi quando encontrei na biblioteca da faculdade  O evangelho segundo Jesus Cristo , primeiro romance do escritor que tive a oportunidade de ler. Logo, minha atenção se voltou para um aspecto quase que unânime e corriqueiro aos que se deparam a primeira vez com a obra mais conhecida do autor: o estilo típico de narrar, que preserva o fôlego da oralidade no trajeto de escrita, fazendo do texto literário “exercício muscular” (usando termos do escrit...

Um Convidado Bem Trapalhão, de Blake Edwards

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Este é o único filme da parceria entre Blake Edwards e Peter Sellers que não faz parte da série A Pantera Cor-de-Rosa  (1963-1982). Pode ser tomado como exemplo do modo de fazer comédia que marcou a dupla. Baseado em grande parte na capacidade de Edwards bolar situações engraçadas e na qualidade da atuação de Sellers, o longa acabou sendo visto também como uma denúncia do modo de produção pouco receptivo a novidades do cinema industrial (em particular) e dos Estados Unidos (de maneira mais ampla). O filme seria, então uma alegoria ao mostrar a introdução no ambiente (americano) de um elemento estranho (um indiano) que literalmente explode uma parte de Hollywood. Hrundi Bakshi (Sellers) é um ator indiano com grande tendência a provocar confusões. Destrói sem intenção um set de filmagens inteiro, o que queima sua imagem no círculo cinematográfico. Devido a um equívoco, ele é convidado a uma festa da alta sociedade hollywoodiana. Com sua presença, o caos com ares circenses ...