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A 18, encontro com José Saramago (I)

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A iniciativa de congregar os leitores de Saramago em torno dos seus livros, propostas ou reflexões a cada dia 18, e fazê-lo cordialmente, com uma taça de vinho, com a alegria de saber-nos seus contemporâneos, nasceu de forma espontânea em Madrid e Lanzarote e de gente que lhe queria bem. Para lançá-la não pediram autorização a ninguém nem necessitavam de fazê-lo: celebrar Saramago e a sua obra dependerá da sensibilidade de cada leitor e os que puseram em marcha este projecto - obrigado Fernando Berlín, Olga Rodríguez, Juan Diego Bottos, Emilio Silva, obrigado, María del Río - demonstraram elegância e finura intelectual e, sem dúvida, elegeram a melhor fórmula porque a fizeram nascer de um livro, do coração de O ano da morte de Ricardo Reis . Brindar com uma taça de vinho em todos os continentes do mundo, falar de Saramago, ler umas páginas de qualquer livro, ser livres de preconceitos e de prisões, discutir com a liberdade que Saramago reclamava e fazê-lo de forma explícita aos dia...

Guerra nas estrelas, de George Lucas

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Guerra nas Estrelas  é um daqueles casos de obras que ultrapassam o celulóide. Mais que filme, é fenômeno pop, uma marca bastante rentável que se desdobra em videogames, brinquedos, discos com a inconfundível trilha sonora de John Williams, roupas e outras cinco sequências. George Lucas cujos longas até então eram respeitados mas com êxito comercial apenas regular, debruçou-se no roteiro por cerca de três anos até acertar a versão final. Sua idéia desde o início era criar uma espécie de western  de ficção científica, inspirado também nos filmes de samurai do diretor japonês Akira Kurosawa. Nenhum estúdio acreditava que uma cara aventura espacial pudesse triunfar comercialmente. A Fox, então, apostou no projeto e viu nascer um campeão de bilheteria, memorável desde a narração de abertura. Ao lado de Tubarão  (1975) e Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Guerra nas Estrelas  eternizou o termo blockbuster  e deu início à era dos efeitos especi...

Diário de bordo ou um desafio que possivelmente não irei cumprir

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Por Pedro Fernandes Um dia tinha de chegar em que contaria estas coisas. Nada disto tem importância, a não ser para mim. José Saramago, A bagagem do viajante Quando em processo de gestar um texto, o mundo se encolhe; você se encolhe - se encasula. Não há nada externo a esse caso, a essa cápsula, que lhe convença ser mais importante do que este ser em gestação. Como cangurus devemo-lhes uma atenção dobrada, redobrada, antes que o filhote caia da bolsa marsupial a pular por aí com os pais. Esse é meu caso com a escrita; esteja escrevendo um poema, um texto para jornal, um ensaio acadêmico... Recentemente, depois de romper o medo que esse mar de letras sempre me imprime dei início oficial a escrita de minha dissertação de mestrado. Isso que agora escrevo nesta post não é um anúncio. Até o presente não vi ainda que textos como dissertações e teses se prestem a esse propósito. Se nos encapsulamos para a escrita, parece que em tais textos nos encaps...

Invasores, de Oliver Hirschbiegel

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Por Pedro Fernandes Ao pesquisar sobre a recepção da crítica acerca de Invasores  descobri que o livro The body snatchers , de Jack Finney, publicado em 1954 e que ganhou essa leitura para o cinema em 2007, já contava com outra produção cinematográfica e, a julgar pelo que li, a versão antiga (o filme é de 1956, e saiu com o título de Vampiros de almas ) é   um bocado melhor do que essa de Oliver Hirschbiegel. Certamente, no passado, parece que as limitações tecnológicas para a construção de efeitos especiais, por exemplo, levavam os cineastas a capricharem no conteúdo, perda que é cada vez mais recorrente se olharmos de perto o que está em cartaz sempre nos cinemas. Mais ainda depois da consolidação do cinema 3D e das franquias para pasteurização das histórias em quadrinhos. Na década de 1950, Don Siegel, se beneficiou do contexto evocado pela obra: a paranoia do macartismo e sua caça às bruxas e trouxe o tema para o interior da linha principal da narrativa: a ...

Relembrar Saramago

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O caderno Domingo trouxe matéria sobre José Saramago. A matéria foi elaborada de conversas minhas com a editora do caderno e refaz o trajeto biográfico do escritor ressaltando algumas peculiaridades que não devem ser lidas como novidades. Abaixo reproduzo a matéria e faço algumas correções: onde se lê "Atualmente fazendo mestrado em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)", leia-se "Atualmente fazendo mestrado em Letras na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)". (Pedro Fernandes) A PERDA DE UM GRANDE ESCRITOR Algumas pessoas parecem nascer para mudar a ordem das coisas e todas as probabilidades. Ao observar a origem humilde e difícil de José de Souza Saramago não se imaginaria que ele se tornaria um dos mais importantes escritores da língua portuguesa, com vasta obra publicada. Saramago nasceu em 16 de novembro de 1922, em Azinhaga, a nordeste de Lisboa. Filho de agricultores sem terra que imigraram para Lisboa, ...

Um Jesus na Playboy

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Por Pedro Fernandes O título desta post se refere a homenagem - ou não sei o quê - que a Playboy portuguesa (foto da capa, acima) inventou de reservar, na edição deste mês, ao escritor José Saramago. Por esta capa - aliás, de gosto duvidoso - se vê um Jesus recebendo nos braços uma mulher seminua, como se uma Madalena, numa espécie de releitura da Pietà. A revista traz uma reprise da entrevista feita ao escritor em 1995 e publicada na edição brasileira. Toda a entrevista segue ilustrada por ensaio fotográfico em que Jesus está em meio a mulheres seminuas em várias situações. Se isso era uma homenagem acho que o tiro saiu pela culatra. Particularmente não simpatizei com a ideia e vejo nela muito mais um oportunismo gratuito no uso da imagem do escritor que homenagem. Não se trata essa opinião aqui de uma visão cristã; pela religião - se talvez fosse esse o pretexto da Playboy, aproveitando que mexer no sagrado está na moda e dá ibope - eu até ent...