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As ilustrações muito contemporâneas para um país de maravilhas

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Por Pedro Fernandes Uma das ilustrações de Luiz Zerbini para Alice no país das maravilhas , edição da Cosac Naify, 2010. As imagens revigoram a poeira do clássico e põe novas rodagens de sentido em ação no texto de Carroll. Depois de já ter sido ilustrado por nomes como John Tenniel, Salvador Dalí, Peter Newell, o clássico de Lewis Carroll ganha, passados 144 anos de sua publicação, mais 31 ilustrações singulares criadas a partir de cartas de baralho, recortadas e remontadas compondo vários cenários da obra. A façanha é do artista plástico Luiz Zerbini. A edição veio a lume em 2010 pela Cosac Naify, mas só agora pude pegar o livro e acompanhar de perto o trabalho do artista; e vejo que Zerbini consegue captar sentidos totalmente novos do clássico de Carroll, além do que, as ilustrações são de encher a vista de qualquer leitor. Não é a nova edição uma nova tradução. A Cosac Naify tomou o cuidado de selecionar entre as versões já publicadas no Brasil aquela que até hoje tem ...

Dalcídio Jurandir

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 Por Pedro Fernandes Dalcídio Jurandir. Foto do Blog do Dário Pedrosa Vejamos. Em várias entrevistas dadas por José Saramago - me reporto aqui à sabatina feita pela Folha de São Paulo quando o escritor português esteve pela última vez no Brasil para o lançamento do seu A viagem do elefante - ele, quando perguntado da literatura brasileira em terras lusitanas disse haver da parte de lá um total desconhecimento da obra e de escritores brasileiros,sobretudo, daquilo que se produz hoje. Vou mais além que português.   A literatura brasileira chega muito mal aos ouvidos dos próprios brasileiros. Aqueles mais aficcionados por garimpar novidades são os que têm um conhecimento mais amplo sobre nomes e obras. Mas isso se resume a 1% dos que se dão a estudar literatura. A literatura produzida na região Norte do país, por exemplo, é, para quem está no Nordeste (e vejam que geograficamente não estamos longe) uma total desconhecida. Fala-se de um Milton Hatoum...

Red: aposentados e perigosos, de Robert Schwentke

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Por Pedro Fernandes Bruce Willis e Morgan Freeman - elenco de peso, o que não é o suficiente para fazer de Red - aposentados e perigosos um filme que se diga: 'Oh!' Eis a piada de mal gosto de 2010. Vi o filme assim que cheguei ao cinema quando encontro com uma leva de filmes que pelo título e pela sinopse, ridículo ainda era um apelido de bom grado. Deparo-me com  Red: aposentados e perigosos ; é claro que também tinha a ideia, desde que assisti ao trailer, de que este também entrava no rol daquela leva. Mas resolvi dá uma chance ao meu gosto para o esdrúxulo e fui vê-lo. Não deu noutra. Minhas piores expectativas se consolidaram. O que narra este filme se pode dizer em duas palavras. Um grupo de matadores de aluguel se veem, já aposentados, e alguns deles com a morte natural à bater na porta, infiltrados numa daquelas tramas cujo fim está em acelerar os passos da morte 'matada'. Elenco de peso, no bom sentido do termo - Bruce Willis, Jo...

Feliz Ano Novo

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Pintura: Gabriele Munter Carlos Drummond de Andrade tem um poema cujo o título é “Receita de Ano Novo”. Trata-se de um poema publicado em 1977 no livro Discurso de Primavera e algumas sombras  que se utiliza, podemos assim dizer, das corriqueirices culturais que é muito em voga por esses dias 31 de dezembro e 1.º de janeiro. O poema, no entanto, recorre a todo desejo de transformações proferido ano a ano, mas em modo de lição não repete o tom sentimentalista.  Enquanto se alardeia aos quatro cantos determinadas convenções para que tudo seja perfeito na virada de ano, o poeta mineiro injeta uma voz contrária que tem por finalidade recuperar um sentido, diríamos, mais autêntico dessa data. Um ano novo há que ser feito a cada dia. Não apenas num dia só. Também não é o fato de que tudo passará a ser o oposto daquilo de ruim que vivemos no ano que finda. Se assim fosse, cada ano que entra seria mais perfeito do que todos os outros que o antecederam. No entanto, sabemos que, m...

Biblioteca Mindlin - Um mundo em páginas

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José Mindlin. Apaixonado pelos livros, o jornalista, advogado e empresário reuniu, em mais de 80 anos de garimpagem, quase 40 mil títulos e raridades de valor inestimável, além de uma rara e rica coleção de gravuras, a única que se tem notícia no Brasil. O filme-documentário já teve em cartaz na TV Brasil e na TV Escola. Trata-se de um filme que antes de servir ao registro de uma das personalidades mais significativas para a cultura do livro no Brasil é um gesto de homenagem ao bibliófilo José Mindlin e que depois de ser homenagem é um gesto de beleza artística em que dialogam num mesmo território mundos diversos, vozes diversas. E exala e pulsa, sobretudo, literatura. Sob direção de Cristina Fonseca, o filme conta a história de José Mindlin e de sua fantástica biblioteca de livros raros, uma das maiores e mais importantes bibliotecas particulares do Brasil e da América Latina, dando foco a preciosidades inestimáveis que dão conta da formação histórica e literária n...

Ricardo Domeneck

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Por Pedro Fernandes Ricardo Domeneck. Foto de Amós Fricke. Disponível no blog de Sylvia Beirute A primeira vez que li esse nome - Ricardo Domeneck - foi quando em conversa com o poeta Leontino Filho, antes de sua palestra sobre Raduan Nassar, em agosto de 2008. Leontino Filho me apresentava uma coleção chamada "Ás de colete" lançada pelas editoras 7Letras e Cosac Naify em 2007 e entre os títulos estava a cadela sem Logos . Nascido em Bebedouro, São Paulo, 1977, Domeneck vive há sete anos em Berlim, onde dá aulas de inglês e organiza perfomances multimídia, entre outras atividades. Descobriu a poesia na adolescência, quando estudava nos Estados Unidos, lendo Poe, Walt Whitman, Emily Dickinson e Salinger. Entre seus poetas favoritos, costuma citar autores franceses, estadunidenses, argentinos e portugueses e, com certo desdém, diz não está interessado nas "intrigas de boteco" da poesia brasileira, ainda que alguns nomes lhe chamem atenção, como Paulo Lemin...