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Concurso Uma página para Saramago: resultado

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O Concurso Uma página para Saramago foi criado no intuito de provocar os leitores da obra do escritor português a com ela estabelecerem um diálogo através da escrita. O concurso também integra a leva de atividades postas em prática desde que foi lançada a ideia de organização de uma edição especial do Caderno-revista 7faces acerca da produção poética do escritor. Durante o mês que esteve no ar a chamada para recepção de textos, o concurso recebeu uma leva de 30 textos de leitores espalhados por todo o país. Hoje é divulgado o resultado.  O vencedor receberá a edição do livro de José Saramago especificada na sua ficha de inscrição e terá o referido texto publicado na edição especial do  Caderno-revista 7faces . Os demais participantes da ideia terão seus textos, aos poucos, por ordem de classificação, indexados no espaço Palavras dos leitores no blog-espaço Um caderno para Saramago,  aqui . Para baixar o parecer com o resultado do c...

Oswald de Andrade

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O poeta Oswald de Andrade, aos 21 anos.  As coisas são As coisas vêm As coisas vão As coisas Vão e vem Não em vão As horas Vão e vem Não em vão (Oswald de Andrade, "Relógio") Haroldo de Campos em seu ensaio Uma poética da radicalidade assim define a poesia de Oswald de Andrade: "Se quisermos caracterizar de um modo significativo a poesia de Oswlad de Andrade no panorama de nosso Modernismo, diremos que esta poesia responde a uma poética da radicalidade. É uma poesia radical." E emenda: "A radicalidade da poesia oswaldiana se afere, portanto, no campo específico da linguagem, na medida em que esta poesia afeta, na raiz aquela consciência prática, real, que é a linguagem." A radicalidade de Oswald de Andrade é a de engendrar no material poético uma fala social, externa ao puritanismo lingüístico. Além do que, é a de reinventar a própria estrutural formal do poema (quando é o caso), que agora busca um despojamento e uma síntese (comp...

Você vai conhecer o homem dos seus sonhos, de Woody Allen

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Por Pedro Fernandes Anthony Hopkins e Naomi Watts em cena de Você vai conhecer o homem dos seus sonhos Lembro-me de ter visto poucos filmes do Woody Allen, apesar de toda a crítica especializada ou não falar por uma boca só de que ele é, sem dúvidas 'o cara' do cinema. Pode ser verdade. A julgar por produções com  Vicky Cristina Barcelona e Tudo pode dar certo - dois dos filmes de Allen que vi e que me vêm à mente agora. Este Você vai conhecer o homem dos seus sonhos vim vê-lo numa sessão daquelas que pingam ao acaso no meio dos filmes comerciais de Hollywood. E retoma um estilo de Allen que é a valorização do cotidiano como matéria de composição de seus filmes, um estilo meio 'europeizado' de se fazer cinema. Tem o tom de uma crônica porque é para ser visto como se ler um texto do gênero. Gosto desse tom, por várias razões - primeiro, porque muitas das vezes enxergamo-nos no interior do filme, dada a semelhança entre o drama das personagens e nosso ...

Encontros como Mia Couto

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Por Pedro Fernandes Mia Couto. Foto: Bel Pedrosa. Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada. Ninguém no plural. Ninguéns. Mia Couto, O fio das missangas É assim que uma das personagens narradoras finda "A despedideira", de O fio das missangas .  Conheci Mia Couto sendo poeta com o livro  Raiz de orvalho e outros poemas . E devo essa descoberta a uma amiga que, num desses congressos, tinha consigo uma leitura da poesia do escritor moçambicano. Li, daí alguns poemas; reencontrei outros depois, numa aula de literatura no mestrado e muito tempo depois encontrei com Terra sonâmbula , ainda o único e melhor romance do escritor. Tenho impressão de que, depois desse título dificilmente ele conseguirá escrever outro romance a altura; apesar de ser muito cedo para fazer essa afirmativa. Mas, o contato com outros romances seus permite-me essa previsão: Mia, dif...

Chico Buarque para TV

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Por Pedro Fernandes Chico Buarque. Divulgação. A idéia é brilhante. Se as histórias sairão do mesmo porte que ela, só saberemos logo mais. Hoje estréia uma microssérie intitulada  Amor em 4 atos que dramatiza quatro grandes músicas do compositor e escritor Chico Buarque. Os episódios serão exibidos até o dia 14, na TV Globo. O primeiro deles foi batizado de "Meu único defeito foi não saber te amar" e tem como inspiração a canção "Mil perdões" . A direção é de Roberto Talma e Tande Bressane . Com direção de Tadeu Jungle, "Ela faz cinema" tem como fonte a canção homônima de Chico lançada pelo compositor em 2006. Os dois últimos episódios são ligados entre si e levam os nomes das canções "Folhetim" e "As vitrines". Esses últimos capítulos têm a direção do cineasta Bruno Barreto. Abaixo selecionei quatro vídeos com as canções que darão tom à microssérie. No primeiro vídeo Gal Costa canta "Mil perdões"; no segun...

O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago

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Por Pedro Fernandes O ano de 1936 parece ter sido um daqueles anos em que a humanidade experimenta quase que todas as dimensões de suas extremidades históricas - instaura-se e expande-se na Europa e ao redor do mundo um modelo de governo opressor baseado no levante dos nacionalismos, em Portugal traduzido com a ascensão de Salazar ao poder; gesta-se, mal saídos de um grande conflito, a Segunda Guerra Mundial, a Frente Popular francesa e a Guerra Civil em Espanha... Já para o fim do ano anterior morre Fernando Pessoa. É com esse painel histórico de turbulências, onde tudo parece está por vir a tona a um só tempo e com esse desfecho trágico da morte do poeta-maior, que volta a Portugal, depois de uma longa estadia pelo Brasil, um auto-exílio, na verdade, o heterônimo Ricardo Reis. O romance toma proveito de ser Ricardo Reis um dos heterônimos daquela tríade mais bem planejada por Fernando Pessoa que ainda não morrera e escala seus últimos dias como um ret...